Trabalhador da RLAM testa positivo para coronavírus, mas Petrobrás mantém grande número de funcionários nas unidades
março 23, 2020 | Categoria: Notícia
Um trabalhador próprio da RLAM, lotado no Conjunto Pituba, foi diagnosticado com covid-19 (coronavírus). Ele havia retornado de férias e trabalhou no 18º andar, do edifício Torre Pituba, entre os dias 9 e 13 de março.
A descoberta feita pelos trabalhadores de um caso positivo de coronavírus dentro de uma das unidades da Petrobrás na Bahia, expôs a falta de transparência da atual gestão da estatal, que vem escondendo dos seus funcionários informações importantes.
No portal da intranet, a empresa destaca dois casos positivos de coronavírus entre seus funcionários, lotados no Rio de Janeiro, admitindo que no total há 4 casos, mas não diz onde são os outros dois.
Essa falta de transparência está levando insegurança e pânico aos trabalhadores diretos e terceirizados. Soma-se a isso a falta de ações eficazes para proteger os funcionários do coronavírus.
No Torre Pituba, o pavor foi disseminado, pois ninguém sabe por onde o trabalhador passou e com quem teve contato direto.
A Petrobras informou que já avisou aos órgãos competentes e está realizando mapeamento das pessoas que tiveram contato com o trabalhador, mas diante da postura que a estatal vem tomando, como confiar?
A sala onde ele trabalha já está sendo higienizada. E os outros locais?
Desde a semana passada o Sindipetro vem denunciando uma série de irregularidades e negligências da Petrobrás no combate ao coronavírus. O Sindipetro recebeu inúmeras denúncias da falta de álcool gel e sabonetes em muitas unidades da estatal na Bahia. O maior número de denúncias veio da RLAM.
O mais grave é a insistência das gerências da Petrobrás em manter um grande número de pessoas em suas áreas, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, que indicam a reclusão social e a manutenção da distância de no mínimo um metro entre as pessoas, como formas mais eficazes para prevenir e combater o vírus.
Refeitório de trabalhadores terceirizados da RLAM é porta aberta para contágio
Nessa segunda-feira (23), vários dias após a OMS ter decretado pandemia do novo coronavírus e vários casos, inclusive de mortes, serem confirmados na Bahia, o refeitório dos terceirizados da RLAM (na refinaria, os refeitórios de terceirizados e próprios são separados) estava lotado na hora do café da manhã (foto) e do almoço, com trabalhadores sem proteção, sentados próximos aos colegas nas mesas.
(veja foto e vídeo abaixo).
Esses mesmos trabalhadores chegaram à refinaria em ônibus e vans também lotados. Isso é ou não é uma grande irresponsabilidade?
Ao voltar para suas casas e cidades eles vão expor suas famílias e a população do município onde vivem. Entendem que a Petrobrás não está colocando em risco somente os seus funcionários, mas a sociedade em geral?
O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, tentou manter contato com a gerência da refinaria mas não obteve sucesso. “Consegui falar com o Sitticcan, que é o sindicato que representa os trabalhadores terceirizados da RLAM e eles disseram que também estão muito preocupados com a situação tentando resolver isso junto a gestão da refinaria, mas ainda sem sucesso.
Para Deyvid, que também é técnico de segurança do trabalho, lotado na RLAM, “é um absurdo ainda haver aglomerações como essa em áreas do Sistema Petrobrás, desobedecendo as orientações e decretos da OMS, Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e do próprio município de São Francisco do Conde”. Ele sugere que a gestão da RLAM faça como a prefeitura de São Paulo, que mandou as terceirizadas reduzirem o número de trabalhadores, mas garantindo o valor para pagar todos os funcionários das empresas, usando contingente mínimo.
A diretoria do Sindipetro vai continuar denunciando aos órgãos competentes, cobrando providências da gestão do Sistema Petrobrás e realizando ações para proteger os trabalhadores como fez na manhã dessa segunda (23) em Bálsamo, na UO-BA, onde mandou a maioria dos 300 trabalhadores retornarem às suas residências, deixando na unidade apenas o contingente mínimo necessário para manter a operação.
Diante de uma pandemia quem deveria estar protegendo, está expondo, por isso, o Sindipetro está tomando ações drásticas visando à proteção da categoria.
Fonte – Sindipetro Bahia
Tag: coronavírus, direitos do trabalhador