XI Congresso dos Petroleiros da Bahia – Defesas da Petrobrás e do SUS são estratégicas para o país, afirma pesquisadora
abril 8, 2022 | Categoria: Notícia, XI congresso
{ Da Imprensa do Sindipetro Bahia}
No quarto dia do congresso dos petroleiros da Bahia, a discussão girou em torno da saúde do trabalhador, com foco na pandemia, nas privatizações, transferências, demissões e as consequências destes fatores na saúde física e mental da categoria petroleira.
O Secretário de Saúde, Meio Ambiente e Segurança da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Antônio Raimundo Telles Santos, falou sobre os problemas que a pandemia da Covid-19 causou para a claasse trabalhadora, destacando a categoria petroleira. Para ele os desinvestimentos feitos pela atual gestão da Petrobrás, de forma incisiva na Bahia, comprometeram e influenciaram também a saúde dos petroleiros. “Os aspectos desse processo trouxeram muitos impactos, particularmente para a saúde mental destes trabalhadores como o aumento dos casos de síndrome de pânico, de depressão, síndrome de bornout, distúrbios endócrinos, chegando ao ponto de um trabalhador ter tirado a própria vida na RLAM, seu ambiente de trabalho”.
Para o secretário é preciso ter clareza de como a saúde do trabalhador pode ser discutida no ambiente de trabalho. Ele acredita que é preciso fazer esta discussão a partir do chão da fábrica, culminando com as instituições representativas. “O trabalhador tem que ter noção que a defesa da sua saúde tem que partir, em primeiro lugar, dele próprio. Ele precisa entender que a doença do trabalho mata ou deixa consequências que podem inabilitar para a vida.
Raimundo defende um processo de formação voltado para a saúde do trabalhador, direto no chão da fábrica, e também que esta discussão seja feita dentro das Comissões Internas de Acidentes (Cipas), “que hoje, infelizmente, não priorizam a saúde do trabalhador, focando mais na segurança”. Ele também falou sobre a importância de levar temas relacionados à saúde do trabalhador para as Sipats e do papel dos sindicatos nesta questão, com uma ação não só reativa, mas propositiva.
Ele acredita que é preciso construir pontes para que a discussão da saúde do trabalhador surja no local de trabalho até as discussões com as centrais sindicais, federações, confederações, fóruns deliberativos, comissões tripartites, conselhos municipais de saúde e até partidos políticos. “Se estas pontes forem construídas, com certeza nós conseguiremos levar a saúde do trabalhador com toda a seriedade que ela precisa ter”, finaliza..
A médica e pesquisadora da Fundacentro, Drª Maria Maeno, falou sobre o grande desafio de inserir a saúde no modelo de desenvolvimento nacional, juntamente com a educação e a seguridade social, para que de fato promova a melhoria das condições de vida das pessoas, com politicas públicas abrangendo nacionalmente alimentação, moradia, condições de trabalho, lazer, cultura, segurança, proteção a maternidade e infância, conforme escrito na própria Constituição. “sendo que essa inserção na Constituição não foi consensual, pelo contrário, travou-se uma luta muito grande da sociedade na Assembleia Nacional Constituinte no anos 80 e foi vencida conceitualmente por nós, pelos movimentos sanitários, sociais e seus parlamentares”.
Mas para ela esta disputa entre uma visão mais restrita da saúde e outra de saúde com valor a ser proporcionado pelo estado sendo um direito humano de todo cidadão, continua. “E isso os petroleiros compreendem muito bem, pontuou a médica, “hoje vivemos um período de intenso ataque à Petrobras, que vem sendo aceleradamente privatizada e isso tem relação com o lugar que queremos ocupar no mundo. Com a nossa soberania e com o nosso projeto de nação. Assim como a defesa da Petrobrás é estratégica para o país, a defesa do SUS também o é”.
Para a Drª Maeno é preciso fortalecer o SUS para que ele possa intervir nos locais de trabalho de forma plena. “O SUS precisa das categorias fortes e organizadas dos trabalhadores na sua defesa, que é estratégica para diminuir as desigualdades no país”.
Ela também destacou o que chamou de dimensão do trabalho – que é um dos determinantes sociais cruciais da saúde – e o ocultamento dos corpos e adoecimentos resultantes da precarização do trabalho. “Os trabalhadores da indústria petrolífera convivem com situações perigosas, insalubres e penosas no trabalho e sabemos que acidentes, doenças e suicídios têm ocorrido. Há inúmeros estudos mostrando a precarização do trabalho no Sistema Petrobras e a ocorrência de acidentes e doenças entre trabalhadores próprios e terceirizados”, afirmou.
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A médica ressaltou ainda o ocultamento destes acidentes e doenças por parte da empresa. “Há um sistema que define este ocultamento proposital e um dos mecanismos utilizados é a bonificação salarial para os trabalhadores que não se acidentam, ou adoecem”.
Discussão de teses
Após a palestra, os congressistas discutiram as teses relacionadas às questões de saúde e segurança no ambiente de trabalho. O congresso prossegue na sexta-feira (8), a partir das 14h, com uma palestra sobre O Setor Petróleo na Bahia , com Henrique Jagger, pesquisador do INEEP e Deyvid Bacelar, Coordenador Geral da FUP. Em seguida haverá discussões e votação das teses sobre o setor privado e pauta econômica, reajuste salarial e demais verbas dos trabalhadores.
Acompanhe a palestra pelo canal do Youtube do Sindipetro Bahia