Petrobrás decreta o fim da sondagem terrestre; na Bahia, a eficiente sonda 109 pode virar sucata
dezembro 17, 2019 | Categoria: Notícia
A atual gestão da Petrobrás decidiu encerrar suas atividades no ramo de perfuração terrestre. As unidades da empresa que estão em atividade, a sonda 109, na Bahia e a 86, no Rio Grande do Norte, serão recolhidas em janeiro de 2020.
A sonda 109, localizada no Campo de Araças, na Bahia, com 34 anos de atividade é uma das maiores do Brasil em capacidade de perfuração – atinge até 6 mil metros – e já operou na maioria dos estados brasileiros. É uma sonda que gera muitos empregos diretos e indiretos. Em terra, a 109 é hoje, no Brasil, a maior sonda em operação.
A decisão de encerrar mais essa atividade faz com que a Petrobrás contribua, mais uma vez, com o aumento do número de desempregados no Brasil: com a eliminação desses postos de trabalho, serão demitidos 300 trabalhadores, 150 em cada um desses estados.
Com isso, mais um importantíssimo ciclo da cadeia de petróleo, que começou praticamente com a criação da Petrobrás em 1953, se encerra.
A perfuração de poços terrestres já foi uma das principais atividades da Petrobrás, responsável pelo desenvolvimento e descoberta de vários campos de petróleo, os chamados poços pioneiros. No governo Lula, a Petrobrás chegou a ter 10 sondas próprias em operação, o que significou a geração de mais de 1.500 empregos.
Foi a partir da experiência adquirida na perfuração de poços terrestres que a Petrobrás conquistou grande known hown nessa área, desenvolvendo o conhecimento e a tecnologia que levaram à descoberta da Bacia de Campos e do pré-sal.
Os técnicos formados nos campos de petróleo da Bahia e Rio Grande do Norte eram requisitados para ensinar e multiplicar os seus conhecimentos ao ponto da própria Agência Nacional de Petróleo (ANP), antes de licitar os blocos de petróleo, contratar as sondas da Petrobrás para avaliar as bacias.
Na década de 1970, a Petrobrás criou a Braspetro, uma subsidiária que tinha como objetivo encontrar e produzir petróleo fora do Brasil, a exemplo do Irã e países da África. Na época, a estatal, através de seus operadores altamente capacitados, fez uma grande descoberta no campo de Majnoon, no Iraque.
O papel de destaque da Petrobrás e sua expertise na operação de poços terrestres são frutos de uma longa história, que o governo de extrema direita de Bolsonaro e a atual gestão entreguista da estatal tentam apagar.
É lamentável, afirma o diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, “além das demissões, o encerramento dessas atividades diminui drasticamente a possiblidade de desenvolvimento desses campos e a descoberta de novos campos que ainda poderiam ser feitas em terra. Além da perda dos impostos para os municípios. Trará um grande impacto na cadeia econômica da indústria do petróleo”.
Para o sindicalista “a atual gestão da Petrobrás, em grande velocidade, vai minando a estatal no Nordeste. O objetivo é que a destruição da empresa comece onde ela nasceu, na Bahia. O desmonte da Petrobrás, com fechamento, arrendamento, venda de unidades e demissões vai para a conta do governo Bolsonaro”.
Fonte – Sindipetro Bahia
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