Neoindustrialização é tema de painel no XIII Congresso dos Petroleiros e apresenta propostas para transição energética justa na Bahia
junho 28, 2024 | Categoria: XIII Congresso
O painel “Neoindustrialização e o papel da Petrobrás nesse processo” abriu as rodadas de palestras e debates do XIII Congresso dos Petroleiros e Petroleiras da Bahia na manhã desta sexta-feira, 28 de junho, em Salvador. A mesa foi composta pelo Coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, a gerente geral da UN-BA, Marta Abrão, e Mahatma Ramos, Diretor Técnico Ineep. Lúciomar Vita, diretor do Sindipetro-Ba, mediou a conversa.
O tema foi pensado para ser pauta do Congresso pela direção do Sindipetro-Ba devido à sua urgência e desafios no mundo sindical e do trabalho, já que os novos modelos de produção geram um debate necessário sobre como adequar os postos de trabalho e garantir a eficiência na produção energética do Brasil.
Deyvid Bacelar, em sua apresentação, lembrou a importância do tema no campo político e reforçou que esse tem sido um assunto muito debatido no chamado “Conselhão” (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável), que tem mais de 200 conselheiros e busca ser a representação da sociedade brasileira. As decisões têm desaguado em projetos a serem aplicados no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à fome do governo Lula.
“E como está a Petrobrás nesse processo?”, indagou o Coordenador da FUP. “Nós da FUP entendemos a importância desse tema, devido à urgência da transição energética justa. Na Bahia temos, por exemplo, a possibilidade de ter uma refinaria que refina sem usar uma gota de petróleo. Produzindo combustíveis sem petróleo. Esse é um exemplo da indústria que muda completamente a nossa forma de trabalho, o que impacta o trabalhador e a trabalhadora, com a possibilidade de redução de postos de trabalho, e precisamos estar atentos a esse desafio. Precisamos questionar como será o avanço para a neoindústria e tensionar para que esse resultado fique aqui no Brasil”, pontuou Bacelar.
Em seguida, Mahatma Ramos, especialista do Ineep, apresentou dados técnicos e ampliou a discussão: “Atualmente, o que tem impulsionado esse assunto é a crise climática. Todos os continentes querem planejar alternativas para evitar os desastres”, explicou.
É de conhecimento público que esse debate tem mobilizado todos os atores sociais na busca pela saída e descarbonização. Construir novas formas de produção de insumos e serviços de forma sustentável, com o menor impacto na emissão de carbono, deve ser uma missão.
Ramos defendeu ainda que esse movimento afeta os padrões de consumo e o Ineep acredita que as várias transformações dentro da neoindústria e precisamos prestar atenção em como isso afeta as relações de trabalho e, consequentemente, o trabalho sindical.
“O movimento sindical precisa olhar com muita atenção para esse assunto, porque vai gerar precarização e empregos de alta rotatividade, o que dificulta os laços e a organização coletiva dos trabalhadores, deixando-os enfraquecidos e vulneráveis.”
Janela de oportunidades
Esse movimento global abre uma janela de oportunidades para o Brasil. De acordo com o especialista do Ineep, Mahatma Ramos, o Brasil é um país com potencial três vezes maior em produções renováveis no ranking global, o que nos dá uma vantagem em relação à maioria dos países. Isso, porém, não nos isenta de responsabilidade, já que também somos um dos maiores emissores de CO2.
Pensar a transição de maneira soberana
Marta Abrão, gerente geral da UN-BA, também marcou presença na mesa e trouxe a perspectiva da Petrobras sobre o tema do painel. “Estamos vivendo na Petrobras um desafio de reconstrução, sustentados nos pilares do plano diretor, que passa por segurança, eficiência e sustentabilidade.”
Abrão também apresentou o panorama da situação da Bahia. Segundo ela, hoje a Bahia tem apenas 20 ativos, quando no passado a realidade era de 94 ativos. “Olhando para a Bahia, no plano diretor queremos operar com eficiência, descarbonizar as operações, desenvolver novos projetos e ecossistemas de energia para transição justa, e inovar com tecnologia digital e uso de dados.”
Hoje temos grupos estudando a Bahia para avaliar a viabilidade da aplicação desses pilares, e enxergamos isso como essencial, sem contar na regionalização que é garantir força.
“Sabemos que não basta colocar energia mais barata no mercado.É necessário garantir segurança, equidade energética e sustentabilidade ambiental”, finalizou Marta
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