Primeira mesa temática reforça a maturidade política da categoria petroleira ao se posicionar contra o neoliberalismo e o neofascismo
[Por Alessandra Murteira, da comunicação da FUP]
A primeira mesa temática da 11ª Plenária Nacional da FUP, realizada no final da tarde de ontem (27/08), enfatizou a importância da maturidade política da categoria petroleira ao se posicionar contra o neoliberalismo e o avanço da extrema direita. O debate, centrado na análise da conjuntura política nacional, contou com a participação do petroleiro Divanilton Pereira, da direção nacional do PCdoB, do historiador Valério Arcary, militante da Resistência/PSOL, e da deputada estadual do Paraná, Ana Júlia Ribeiro (PT).
Divanilton destacou que, a partir da eleição de Lula para seu terceiro governo, o Brasil voltou a ocupar papel de destaque na transição para a nova reconfiguração geopolítica mundial liderada pela China. Ele afirmou que “a calorosa recepção do Brasil ao lado que historicamente deve estar, ao lado do Brics, por ser um país de médio desenvolvimento industrial, com uma imensa riqueza de recursos naturais, um país de liderança regional” impõe ao país “um papel muito importante e estratégico nessa transição geopolítica”.
O líder petroleiro declarou, no entanto, que a reconstrução do Brasil não é tarefa fácil, pois a conjuntura política que atravessa o atual governo Lula é muito distinta dos outros governos do PT. “Hoje nós temos uma economia mundial em crise, as estruturas do aparato estatal e público semidestruídas, após Bolsonaro e Temer, um congresso chantageador e usurpador do orçamento público”, reforçou.
Divanilton chamou a atenção para o papel político da FUP nessa disputa e a importância da entidade ter tomado a decisão correta de criar o INEEP, “que é o centro e a usina da elaboração política dessa categoria”. Ele alertou, ainda, que as eleições municipais deste ano são “a antessala da grande batalha que teremos em 2026”, que é derrotar o bolsonarismo, o que classificou como “uma guerra cultural de grande e longas jornadas, que espero que possamos encurta-las”.
“Essa plenária deve reafirmar o papel das lutas pelos nossos direitos, mas sobretudo, penso que vocês, assim como nós aqui, precisamos ter a maturidade de saber combinar essa luta específica, sem perder o foco da grande batalha política do ano que é derrotar a extrema direita no Brasil”, afirmou o dirigente do PCdoB.
O historiador Valério Arcary, professor titular do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), concordou com a avaliação do líder petroleiro e enfatizou que o conflito fundamental do Brasil atual é o bolsonarismo. Ele afirmou que “a corrente de extrema direita liderada por neofascistas, tem influência sobre no mínimo um terço da sociedade e em algumas regiões mais do que um terço” e que “a tarefa central” da atual geração de trabalhadores e lideranças sociais “é pensar, refletir e concluir qual é o caminho para derrota-la”, enfatizando que “nada é mais importante do que isso”.
Arcary alertou que parte da população está sendo cooptada por “uma fração burguesa que quer naturalizar a extrema direita como uma corrente eleitoral legítima dentro do regime democrático”, citando como exemplo as eleições municipais de São Paulo.
“Essa plenária tem muita política e nós não mudamos nada sem a política”, afirma deputada
A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT/PR), lembrou que sua ligação com a categoria petroleira vem de sua militância no movimento estudantil, quando debatia os royalties do petróleo para a educação e a construção do novo Fundeb. “Estar aqui, portanto, é uma honra muito grande, eu fico especialmente feliz, mas fico ainda mais orgulhosa de saber que conseguimos fazer uma construção coletiva dentro do mandato aqui no Paraná, em que os petroleiros e petroquímicos participam, têm debate na política, pautam o mandato, pautam as nossas atividades e nos dão muita tarefa e cumprem elas junto com a gente”, afirmou.
Ela reforçou o orgulho de estar diante de uma categoria que não hesita em se posicionar politicamente, compreendendo o que é ser de fato classe trabalhadora e que a política é uma ferramenta sobretudo dos trabalhadores, pois é por meio dela que se pode avançar nas conquistas e transformar o mundo.
“O que me deixa com maior certeza da maturidade política da FUP, mas principalmente, da compreensão da sociedade, é que essa plenária tem muita política e nós não mudamos nada sem a política, nós não construímos nada sem a política”, afirmou. ”Essa categoria não se isenta em debater política, em discutir as eleições e é muito importante vocês se colocarem nesse processo”, declarou, lembrando a fala do coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, no ato pela manhã, em frente à Fafen PR, quando ele afirmou que a categoria petroleira precisa, sim, discutir política, discutir eleições, mas sem abrir mão da autonomia sindical e da luta, independentemente de quem está no governo e do patrão.
A deputada também lembrou que o golpe de 2016, que alavancou a extrema direita, “nasce quando a gente descobre o pré-sal, nasce quando o Brasil começa a liderar o BRICS, nasce quando a gente vira a hipótese de potência mundial, quando a gente começa a liderar os insurgentes, quando a gente começa a liderar um processo contra hegemônico”, reforçando que a Petrobrás foi fundamental nessa mudança de chave e por isso foi tão atacada após o golpe. “Tudo o que aconteceu foi porque não abrimos mão da nossa soberania, muito por conta da luta dos petroleiros”, concluiu.