I Encontro das Mulheres Petroleiras da Bahia se destaca pela qualidade dos debates e boa interação nas redes sociais
junho 17, 2020 | Categoria: Notícia
Após dois dias de intenso debate sobre temas diversos, atuais e de grande interesse não só da categoria petroleira mas de toda a classe trabalhadora, foi encerrado na tarde dessa quarta-feira (17) ao som da banda feminina Didá, o I Encontro virtual das Mulheres Petroleiras da Bahia.
A diretora do Setor de Gênero, Raça e Etnia, do Sindipetro Bahia, Christiane Barroso, que organizou o evento, contando com o apoio das diretoras Marise Sansão (Setor de Aposentados e Pensionistas) e Jailza Barbosa (Setor Jurídico), se diz muito satisfeita com o resultado do evento que deu às mulheres petroleiras (e também aos homens) a oportunidade de interagir e adquirir embasamento para fazer a luta.
Muitas mulheres que não puderam estar presentes enviaram vídeos que foram exibidos durante o encontro, tendo um espaço de fala muito importantes como representes da CUT Bahia, FUP, Coletivo de Mulheres Petroleiras, de diversos sindicatos, ONGS, movimentos sociais e representações políticas como a vereadora Marta Rodrigues (PT).
Como continuidade do Encontro, no sábado (20), acontece uma reunião fechada entre as petroleiras de toda a Bahia, quando as trabalhadoras irão apresentar propostas para o Acordo Coletivo de trabalho da categoria que serão encaminhadas ao Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras, que acontece no domingo (21), também de forma virtual. As propostas serão encaminhadas também para o 9 Congresso dos Petroleiros e Petroleiras da Bahia e para o CONFUP. As petroleiras também vão aprovar a Carta da Bahia, resultado do encontro das mulheres.
Acompanhe abaixo o que foi discutido no I Encontro das Mulheres Petroleiras da Bahia na tarde do dia 17
O assessor jurídico do Sindipetro, o advogado, Clériston Bulhões, fez uma retrospectiva apresentando um panorama das perdas de direitos sofridas pelos trabalhadores nos últimos anos. Ele lembrou que as perdas começaram antes do golpe sofrido pela presidenta Dilma, quando o neoliberalismo já avançava em outros países, mas que foi intensificada a partir do governo de Temer, ganhando proporções alarmantes no governo de Bolsonaro. Ele citou perdas como o banco de horas através de acordo individual, autorização do trabalho da gestante e da lactante em atividade insalubre e a regra do negociado sobre o legislado e o aumento das formas precárias do trabalho, que inclusive passou a ter previsão em lei, como o contrato intermitente, do autônomo exclusivo.
A economista e supervisora técnica do DIEESE, Ana Georgina Dias, falou sobre os ataques contra a Petrobrás e os petroleiros, informando que entre 2013 e 2020 houve uma redução de 82% nos investimentos da Petrobrás. Ela ressaltou também a crise econômica e política que vem se intensificando no Brasil, inclusive porque “já estamos vivendo algo mais grave que é a crise institucional, sobretudo por causa da postura do governo Bolsonaro face ao enfrentamento à pandemia”.
Para abordar o tema “Educação popular, formação Acadêmica e a juventude – Soberania, Ciência Cultural” , foram convidadas a Coordenadora Estadual e Nacional no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Marli Fagundes, a professora associada do Departamento de Fonoaudiologia do Instituto de Ciências da Saúde da UFBA e diretora da CUT Bahia, Luciene da Cruz Fernandes e a Psicóloga e Secretaria de Juventude da CUT Bahia, Iana Aguiar.
Marli do MPA falou sobre a educação e como se dá a sua construção que passa pela vivência, pelo olhar para o outro. “O foco da educação popular está no diálogo e nunca se posicionar acima da outra pessoas, o conhecimento é elaborado de forma conjunta”, explica. A professora da UFBA, Luciene, abordou o empobrecimento do povo, a violência contra negros e mulheres que “estão se acirrando durante a pandemia quando as contradições sociais forma expostas”. Ela acredita também, que por outro lado, a pandemia pode ter aberto uma brecha histórica que dará um impulso à nossa capacidade de resistência”. Já a psicóloga e secretaria de juventude da CUT Bahia, Iana Aguiar, falou sobre os desafios da juventude, do estudante pobre que precisa ingressar no mundo do trabalho muito cedo até para conseguir bancar os custos de uma faculdade. Para ela a herança que os jovens de hoje vão deixar é “a luta que precisa ser construída de forma coletiva.
A Saúde do Trabalhador, da trabalhadora e COVID-19: a prevenção nos locais de trabalho e a vulnerabilidade e sofrimento psíquico frente a Pandemia foram outros temas abordados por profissionais da área. Para a Dra. Rita Fernandes, epidemiologista, médica do trabalho e professora da UFBA, falar da pandemia é falar antes de tudo de trabalhadores que estão em atividades especiais como os petroleiros, petroquímicos, trabalhadores em saúde, em limpeza urbana, do sistema previdenciário. “Para esses há de ter um olhar especial” explica a médica, ressaltando algumas regras e procedimentos que devem ser seguidos no ambiente de trabalho como forma de prevenção a exemplo do distanciamento físico, ônibus com lotação reduzida, assentos vagos nos refeitórios entre uma pessoa e outra, além do uso de máscaras e acesso à água, sabonete e álcool gel. A epidemiologista também mostrou preocupação com aqueles que trabalham em home-office, principalmente em relação à falta de regulação da jornada. Para a médica “há de existir um esforço de reestruturação dos ambientes de trabalho, pois essas medidas de prevenção terão de ser tomadas por muito tempo ainda. Além do fortalecimento das boas condições de trabalho”.
Em um bate papo informal e muito esclarecedor a psicóloga, psicanalista e assistente social, Isabel Maria Freitas Reis, falou de medos, expectativas, traumas e recalques, que muitas vezes podem acontecer na infância e acompanhar o indivíduo por toda a sua vida. Ela também falou da necessidade das empresas serem um local que preserve a saúde mental da trabalhadora e do trabalhador. A psicóloga falou ainda sobre o sofrimento psíquico e “o cuidado com o corpo que deve ser natural”. Para ela a saúde do trabalhador só se dá “quando o trabalho funciona como palco de realização do sujeito”. Ela também falou da importância do tempo de cada um e do tempo da criação, vislumbrando que “pós covid consigamos fazer um trilhamento nas nossas vidas”.
Fonte – Sindipetro Bahia
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