Epidemiologista explica medidas de proteção para os trabalhadores contra o coronavírus
abril 1, 2020 | Categoria: Notícia
A pandemia do Covid-19 segue com cada vez mais casos no Brasil. Enquanto o presidente prioriza a economia e defende que apenas idosos e pessoas pertencentes a grupos de risco devem ficar em isolamento social, epidemiologistas e autoridades de saúde reforçam a importância do distanciamento da população em geral neste momento.
Para Dra Rita Fernandes, epidemiologista, médica do trabalho e professora da UFBA, o distanciamento físico é fundamental para o achatamento da curva da epidemia: “O que a gente pretende é evitar um contágio em massa, com muita gente se contagiando e por consequência tendo a doença ao mesmo tempo. Isso sobrecarregará o serviço [de saúde] e causará prejuízo para quem precisa dele, como os doentes crônicos, os idosos, que podem apresentar casos mais graves da Covid-19, mas que também precisam mais do serviço para tratamento de outras doenças, independente da Covid 19″, explica.
No caso dos trabalhadores em exercício, o ideal é que se mantenha em serviço apenas o contingente mínimo necessário para que se exerçam os serviços essenciais. Nestes casos, a empresa deve se responsabilizar pela proteção dos trabalhadores, garantindo a disponibilidade de água e sabão para que as mãos sejam lavadas com frequência, mantendo os ambientes abertos e arejados, e viabilizando o cumprimento do distanciamento.
“Os locais de trabalho têm que garantir que o trabalhador adote todas as medidas de proteção respiratória, de limpeza das mãos e distanciamento, com local adequado para as pessoas não estarem todas aglomeradas, seja no refeitório da fábrica, seja num portão aguardando para entrada. É preciso manter a vigilância para que as pessoas guardem uma distância entre elas de pelo menos um metro”, completa a Dra, que também trabalhou por 15 anos como médica do trabalho, assessorando o Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia.
Dra Rita também esclarece que a medida de isolar apenas os idosos, as pessoas imunodeprimidas (aquelas portadoras de outras doenças que tenham o sistema de defesa comprometido) e os pacientes crônicos, proposta por algumas pessoas que se posicionam contra a paralisação das atividades, seria inviável de ser feita da maneira correta. “A questão é exatamente como viabilizar isso. Temos famílias que têm avô, garoto, pai e mãe juntos numa condição de habitação que na maioria das vezes não é adequada. Vamos fazer o quê com esse idoso?”, indaga.
Para a médica, a recomendação de isolar apenas os idosos e aquelas pessoas pertencentes aos grupos de risco, mais vulneráveis e que podem desenvolver quadros graves, “não se viabiliza, não é factível, considerando especialmente a situação do Brasil, onde há uma enorme desigualdade que afeta as condições de habitação da população. Não podemos arriscar a saúde das pessoas, preconizando o que não é real”.
Dra Rita Fernandes é epidemiologista, médica do trabalho, professora na Universidade Federal da Bahia e atuou por 15 anos como médica do Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia.
Fonte – Sindipetro Bahia