Em assembleia na noite da terça (26), petroleiros da Bahia decidem pela suspensão da greve, mas continuam mobilizados
novembro 27, 2019 | Categoria: Notícia
Em assembleia que aconteceu na noite da terça-feira (26), no Cepe 2004, em Salvador, a categoria petroleira decidiu pela suspensão da greve. 60% dos votos foram a favor da suspensão do movimento paredista, 36% contra e 4% se abstiveram.
A diretoria do Sindipetro estará em todas as unidades do Sistema Petrobras nessa quarta (27) realizando atividades e informando sobre os próximos passos e a construção de outra greve nacional, agora, contra a privatização da Petrobras e pelos empregos.
Decisão difícil
A resolução foi tomada levando em conta três fatores: um deles foi o quadro nacional do movimento paredista, em que sindicatos de outros estados e petroleiros de suas bases optaram por encerrar a greve. O outro fator foi a sentença do Ministro Ives Gandra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proferiu sentença na segunda (25), à noite, suspendendo o repasse mensal de recursos à FUP e aos sindicatos filiados à federação, bem como o bloqueio cautelar das contas das entidades e o repasse das mensalidades. O terceiro foi a possibilidade de punições dos grevistas, apesar da Federação e os Sindipetros terem seguido todos os ritos da lei.
Esses fatores foram amplamente debatidos pela direção do sindicato e pela categoria, durante a assembleia, a fim de se decidir com relação a manutenção ou suspensão da greve.
Não foi uma decisão fácil. A assembléia foi bastante disputada, com a manifestação de vários trabalhadores e trabalhadoras. A diretoria do Sindipetro também não estava com o posicionamento fechado em relação ao assunto, o que gerou um amplo debate sobre o tema durante as mais de duas horas de assembléia.
Foi consenso que há necessidade de mantermos o nível de mobilização da categoria petroleira para construirmos essa greve, com a participação de outras categorias, que terá também o objetivo de ampliar esse debate com a sociedade que, como já foi apontado em pesquisa recente, é contra a privatização das empresas estatais por entender que elas prejudicam as finanças da família brasileira, geram menos emprego e dispara gatilhos de aumentos sucessivos de preços como já está ocorrendo com a gasolina, diesel e gás de cozinha devido ao processo, já iniciado, de privatização da Petrobrás.
Para o Sindipetro, o movimento que foi encerrado na Bahia devido a fatores externos, mostrou a capacidade de mobilização da categoria no estado, que está disposta a lutar contra o desmonte da estatal na Bahia: a venda da RLAM e da Transpetro, PBIO, Termoelétricas, de vários campos terrestres, do arrendamento da FAFEN e da desmobilização do EDIBA.
O processo de privatização das refinarias e seus terminais marítimos e terrestres, por exemplo, já está em fase vinculante em negociação com as empresas que se interessaram pela compra, portanto, a luta é urgente e não daremos trégua. Até o mês de fevereiro realizaremos a nossa greve em nível nacional.
O governo tem medo dos petroleiros
Estamos vivendo tempos sombrios, de perseguição e retirada de direitos da classe trabalhadora. Mas esses ataques, feitos de forma covarde, revelam o medo que o governo de extrema direita de Bolsonaro e parte do judiciário tem do movimento sindical. Eles têm medo da potencial luta da classe trabalhadora. O Ministro Ives Gandra sequer ouviu a FUP e seus sindicatos, concedendo, de forma monocrática e inconstitucional, uma liminar em favor da Petrobrás.
Mas a greve, apesar de curta, teve saldos positivos: tivemos uma expressiva adesão da categoria petroleira, principalmente na RLAM, onde os trabalhadores nem pegaram os ônibus para ir trabalhar. Fato que fez com que houvesse corte de rendição, o que iria levar a uma possível parada de produção de importantes unidades da refinaria. Também conseguimos pautar a mídia e ainda amedrontar e mostrar a face autoritária do governo Bolsonaro. Os Ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Paulo Guedes (Economia) deram declarações no mínimo anitidemocráticas, falando em “afronta” e sugerindo “demissões”.
Entendemos que quem deveria ser multada era a Petrobrás e não a FUP e seus sindicatos, afinal foi a estatal que não cumpriu a lei de greve, desrespeitando o direito de fazer greve, garantido na Constituição Federal.
Se essa greve contra a vida e empregos amedrontou tanto o governo, imagine uma greve contra a privatização, com o apoio da categoria e da sociedade?
Essa greve especifica contra a privatização e manutenção dos empregos já está sendo construída e será debatida nos dias 3, 4 e 5 de dezembro, no Rio de Janeiro, durante o Conselho Deliberativo da FUP, que reúne representantes dos 13 sindicatos filiados à Federação.
Para a direção do Sindipetro, a decisão de suspender o movimento “foi um recuo estratégico para avançar de forma mais organizada em um futuro breve, o que será feito até o mês de fevereiro, antes que as unidades da Petrobras, a exemplo das refinarias e terminais, sejam vendidos.
A diretoria do Sindipetro Bahia seguirá junto com a categoria em busca de dias melhores. A luta não acabou!
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