Diversidade e combate às opressões no mundo do trabalho foram temas de destaque no XII Congresso d@s Petroleir@s da Bahia
junho 17, 2023 | Categoria: Notícia, XII Congresso
Qual o projeto de desenvolvimento social que queremos para o Brasil? Esta pergunta serviu de norte no debate sobre diversidade e combate às opressões no mundo do trabalho, que abriu a tarde de sábado (17), no XII Congresso dos Petroleiros e Petroleiras da Bahia.
A inclusão de todos e todas – negros, negras, lgbts e mulheres – e o respeito à diversidade foram apontados como pontos fundamentais para a construção de uma sociedade igualitária e justa em um país que, desde a sua criação, tem marcas profundas de desigualdade.
Mas para o cientista político e educador da Escola Sindical Nordeste da CUT, Artur Nóbrega “não basta ser apenas antirracista, anti-LGBTfobia, antimisógino, nós precisamos discutir um projeto de desenvolvimento nacional que dê ao nosso povo tudo aquilo que é dele, ou seja, tudo aquilo que ele produz. E para isso tem de ser nada de nós sem nós. Ou a gente emancipa toda a sociedade ou alguns vão ter historicamente o lugar da miséria como fim das suas vidas” enfatizou.
Para Nóbrega, não há como discutir o mundo do trabalho se não houver o entendimento que esse país vem de uma origem escravocrata, que mantém até hoje as piores condições de trabalho para os negros, onde mulheres recebem menos do que os homens e pessoas trans são discriminadas e raramente conseguem uma vaga no mercado formal de trabalho. “Estamos falando de radicalizar a democracia, pois não há possibilidade de democracia se os negros e as negras, as mulheres e os LGBTs não estiverem incluídos”, concluiu.
Bárbara Bezerra, diretora do Sindipetro NF, falou sobre gênero e trabalho, destacando que o gênero nada mais é do que uma construção social para distinguir o masculino e o feminino, determinando uma hierarquia entre os gêneros. “Precisamos lembrar de uma coisa muito importante: a história do Brasil é escrita por homens brancos que venceram. Há um silenciamento e apagamento das figuras femininas na nossa história e das pessoas negras também”, afirmou.
Ela deu exemplos de várias mulheres revolucionárias que não estão ou não encontram destaque nos livros de história como Tereza de Benguela (líder de um quilombo no século 18), Bárbara de Alencar, uma fazendeira que viveu nos séculos 18 e 19 e Pagu (século 20), uma jornalista e escritora.
A petroleira também falou da desigualdade de condições de trabalho e de salários entre homens e mulheres e da urgente necessidade de uma revolução cultural através do feminismo, “pois estamos falando de igualdade de direitos”. Bárbara trabalha em plataformas na Petrobrás, onde segundo ela continua sendo um local hostil para as mulheres. “Precisamos combater a cultura da opressão”, frisou.
Para Herlon Miguel, assessor especial da SEPROMI (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do governo do Estado da Bahia) “o racismo não é uma questão do negro e da negra. É uma questão do trabalhador e da trabalhadora brasileira. O racismo é o principal gerador de pobreza no Brasil e, consequentemente, o principal gerador de desigualdade e de violência. O racismo é um problema de todos nós”, enfatizou.
Para ele o principal lugar de luta antirracista no Brasil é o sindicato. “O sindicato é o lugar onde se organiza os direitos dos trabalhadores e a produção da igualdade no Brasil, então é fundamental que o sindicato saiba coisas básicas sobre a questão racial. Racismo é como a sociedade se organiza estruturalmente para que o poder permaneça nas mãos do dono da empresa”.
Fonte – Imprensa Sindipetro Bahia