Dia da Mulher: uma data de enfrentamento e luta contra o machismo
março 6, 2020 | Categoria: Notícia
O Dia da Mulher, diferente de outras datas comemorativas, não foi criado pelo comércio. Ele tem raízes históricas na luta operária das mulheres, nas fábricas da Europa e dos Estados Unidos no século XX, e surgiu a partir da mobilização política com manifestações, greves e comitês pela igualdade de gênero.
Portanto, ao invés de um dia de homenagens com flores e presentes, devemos tornar esta data uma oportunidade de reconhecer, se posicionar contra e refletir sobre a desigualdade que ainda perdura entre homens e mulheres, no Brasil e no mundo, mais de um século após as manifestações operárias.
De acordo com o relatório da Organização Mundial do Trabalho (OIT), a probabilidade de uma mulher trabalhar teve uma melhoria de apenas 1,9% entre 1991 e 2018, e se mantém 26% inferior à de um homem.
No Brasil, os dados de inserção no mercado de trabalho também são alarmantes: segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), as mulheres têm um rendimento mensal 22% menor que o dos homens, possuem uma aposentadoria 17% menor que a dos homens, e passam 95% mais tempo em atividades domésticas.
A presença de creches tem um papel fundamental na inserção da mulher no mercado de trabalho. Na pesquisa do DIEESE, das mulheres com filhos na creche, 67% tinham trabalho remunerado, enquanto entre as mulheres com filhos sem acesso à creche o número caiu para 41%.
No cenário atual brasileiro, em que o investimento para a construção de creches e pré-escolas caiu 33% em relação ao ano passado e é o menor dos últimos 10 anos, segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, a situação se torna preocupante para as mães trabalhadoras.
Esse não foi o único retrocesso do governo atual. No Brasil, o cenário é de ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários, precarização do trabalho e informalidade, prejudicando ainda mais as mulheres.
“A conjuntura atual, com a volta do conservadorismo baseado em ideias fundamentalistas, tem afetado diretamente a vida das mulheres, que são 52% da população brasileira, mas ainda se caracterizam como minoria em relação aos direitos sociais e econômicos. A contrarreforma trabalhista e a reforma previdenciária trazem restrições nos direitos à saúde, à liberdade de expressão, a se colocar no mercado de trabalho, e penaliza a mulher nas suas necessidades básicas”, explica a diretora de Gênero, Etnia e Juventude do Sindipetro, Christiane Barroso.
Ao tratarmos da questão da violência, os dados são ainda mais graves. O Datafolha aponta que a cada quatro minutos uma mulher é agredida no Brasil. Já a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos registrou um total de 46.510 denúncias apenas no último semestre de 2019, o que representa um aumento de 10,93% dos casos.
Diante de todos esses números, é impossível negar que ainda há muito o que reivindicar na luta pela igualdade de gênero. As manifestações pelos direitos das mulheres são mais do que necessárias, e o 8 de março é uma época de agregar movimentos e aliados e se mobilizar.
“Mulheres na luta sempre fizeram história, e a nossa história é agora. Nós estamos aqui para fazer enfrentamento e dizer que não, esse não é o país que nós queremos. As mulheres brasileiras não fogem à luta jamais”, finaliza Christiane.
Para dar ao Dia da Mulher a atenção que a data merece, o Sindipetro Bahia estará realizando um ato em Salvador pelos direitos das mulheres, com concentração às 9h no monumento do Cristo na Barra. Contamos com a participação de todas!
Tag: dia da mulher, direitos das mulheres, mulheres petroleiras