Conjuntura do setor petróleo na Bahia foi tema de discussão no quinto dia do XI congresso dos petroleiros
abril 8, 2022 | Categoria: Notícia
A mesa de debates abordou aspectos relacionados aos acordos coletivos, convenções e direitos dos trabalhadores petroleiros, sejam eles próprios, terceirizados ou do setor petróleo, assim como a conjuntura atual do setor de petróleo e gás.
O pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural, e Biocombustíveis (INEEP), Henrique Jagger, fez um raio X do quadro atual do setor, particularmente na Bahia, onde os desinvestimentos da Petrobrás vêm acontecendo de forma intensa, com a venda da maior parte dos campos terrestres de petróleo, arrendamento da Fábrica de Fertilizantes e venda da Refinaria Landulpho Alves.
Ele também traçou um histórico dos segmentos de Exploração e Produção (E&P) e de Abastecimento de petróleo e gás natural na Bahia, identificando a dinâmica do emprego formal na Cadeia Produtiva do O&G.
A Petrobras já comunicou que irá encerrar suas atividades na Bahia, e está vendendo ou arrendando todos os seus ativos. Isto, segundo Jagger, além de estar provocando grandes impactos na economia traz um enorme desafio e a necessidade de adotar estratégias distintas.
O pesquisador listou alguns destes desafios como o de reverter ou diminuir o ritmo de redução da produção de petróleo e gás natural, garantir o suprimento de derivados nos mercados da Bahia e partes de Minas Gerais e Espírito Santo, promover a exploração efetiva da Bacia de Camamu – nova fronteira, aumentar a oferta de gás natural por meio do aumento da produção ou da importação, promover a expansão do Refino, lembrando que há uma projeção de déficit no fornecimento de derivados de petróleo nas regiões Norte e Nordeste. Para ele, neste caso, “a expansão pode se dar por meio do aumento da capacidade de refino da refinaria Mataripe ou da Dax, ou por meio da implantação de uma nova refinaria de pequeno porte”.
No campo negocial, onde entra os sindicatos e a FUP, o desafio é “manter a quantidade e a qualidade dos postos de trabalho que antes eram vinculados à Petrobras e estão sendo transferidos para a iniciativa privada por meio dos processos de privatização de ativos”.
Sobre a conjuntura atual do setor de petróleo e gás na Bahia, o Coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ressaltou que as mudanças significativas, no estado, com a saída quase total da Petrobras, aconteceram de forma ilegal e inconstitucional e por conta disto várias ações propostas pela FUP e o Sindipetro Bahia correm na justiça na tentativa de reverter e minimizar este quadro que tantos prejuízos já está causando à economia e aos consumidores da Bahia.
Ele também falou da luta política e sindical que conseguiu atrasar o processo de privatização. Neste cenário de terra arrasada, Deyvid ressaltou a capacidade de readaptação do Sindipetro Bahia para continuar representando os petroleiros, sejam eles próprios, terceirizados ou do setor privado de petróleo.
“O sindicato hoje tem se desdobrado ao máximo para conseguir em meio a tudo isto que está acontecendo cumprir o seu papel de representação destes trabalhadores”, contou Bacelar, citando as greves que aconteceram no setor privado na Bahia e propiciaram avanços nos acordos coletivos de trabalho deste segmento da categoria.
Ele informou que hoje 17 empresas do setor privado de petróleo já negociam diretamente com o Sindipetro e 21 acordos coletivos de trabalho já foram fechados desde julho do anos passado.
Bacelar falou ainda da necessidade de fortalecer o sindicato através da filiação e da brutal diferença em relação aos salários e benefícios dos trabalhadores próprios e os do setor privado de petróleo. Para ele, mudar esta realidade é outro grande desafio.
O coordenador também lembrou que toda esta mudança que ocorre na Bahia, com o desmonte da Petrobrás, também está acontecendo nos estados do Amazonas, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Espirito do Santo.
“Se este projeto de governo prosseguir, a Petrobrás ficará concentrada no eixo Rio/São Paulo e a única forma de mudar isto, que é o nosso maior desafio, é através das urnas, nas eleições de outubro, elegendo um governo democrático e popular, elegendo Lula presidente, parlamentares progressistas e, na Bahia, eleger Jerônimo governador”.
{Da imprensa do Sindipetro Bahia}