Combustíveis na refinaria privatizada da Bahia custam muito mais do que na Petrobrás e baianos já sentem no bolso efeito da venda da RLAM
março 10, 2022 | Categoria: Notícia
A empresa Acelen, que hoje administra a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, praticou cinco aumentos nos preços da gasolina e diesel e dois no gás de cozinha em menos de três meses, acumulando para este último um reajuste de cerca de 13%. Enquanto a Petrobrás aplicou o último reajuste no gás em outubro de 2021.
Para ter uma ideia do quanto os baianos estão pagando a mais pelo combustível em relação a outros estados, o Sindipetro Bahia encomendou um estudo ao DIEESE-BA comparando os aumentos nas refinarias da Petrobrás próximas à Bahia com os aumentos efetuados pela Acelen, de 1.º de dezembro de 2021 a 5 de março de 2022. Enquanto na Refinaria Gabriel Passos (REGAP), localizada em Minas Gerais e na Refinaria Abreu e Lima (RENEST), em Pernambuco, o aumento da gasolina foi de cerca de 1,8%, na refinaria privatizada da Bahia este aumento chegou a 28,69% (livre de impostos). Em relação ao diesel, enquanto nestas refinarias da Petrobrás o aumento foi de 1,98%, na Acelen, na Bahia, foi de 36, 92%.
“De olho nas eleições de outubro, Bolsonaro, que antes dizia não ter poder para interferir na Petrobrás mudando a sua política de preços – o famigerado PPI (Preço de Paridade de Importação), que atrela os preços dos combustíveis no Brasil ao valor do barril do petróleo no mercado internacional e ao dólar – agora resolveu se envolver para segurar os preços dos combustíveis no país, o que, na prática, é o desmonte do PPI, mesmo que por interesses próprios”, denuncia o diretor de comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa..
No entanto, na Bahia, a situação é diferente devido à privatização da RLAM. O estado não está sendo beneficiado pelo pé no freio dado pela Petrobrás. “Pelo contrário, sofre com a política abusiva e selvagem implementada pela Acelen, que vem utilizando o PPI de forma até perversa”, afirma o sindicalista.
Ele lamenta que os avisos dados pelo Sindipetro Bahia, pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos filiados de que a privatização da refinaria baiana iria criar um monopólio privado internacional de petróleo não foram ouvidos. Agora, o Sindicombustivel (sindicato patronal) também aponta este monopólio e os prejuízos acumulados pelos postos de combustíveis na Bahia, tomando a decisão de entrar com uma representação no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para que o órgão informe qual é o limite que uma indústria privada tem na precificação quando atua em um monopólio regional.
Para Radiovaldo, que representa o Sindipetro,”esta postura da Acelen vai quebrar a economia da Bahia”. Para ele o povo baiano não pode ficar refém de uma empresa privada, sofrendo com os impactos diretos em seu orçamento. O Sindicalista conta que foi procurado por um dono de transportadora que relatou o que expressa bem o que está acontecendo na Bahia e o tamanho do prejuízo causado pela privatização da RLAM, que já está gerando perda de receita para o estado. “Este empresário contou que um grupo de donos de transportadoras contratou um caminhão-tanque para comprar 40 mil litros de diesel em Sergipe, pois mesmo pagando o frete, a diferença de valor compensa”.
Conheça resultado do estudo comparativo:
Gasolina A Petrobras
Ipojuca (PE) – 1,90%
Betim (MG) – 1,80%
Acelen – São Francisco do Conde (BA) – 28,69%
Diesel S10 Petrobras
Ipojuca (PE) – 1,98%
Betim (MG) – 1,80%
Acelen – São Francisco do Conde (BA) – 36,92%
GLP Petrobras –
Não houve reajuste no período na Petrobras.
Ipojuca (PE) – Zero
Betim (MG) – Zero
Acelen – São Francisco do Conde (BA) – 8,17%
Fonte – Imprensa Sindipetro Bahia