Aumento de 20% na produção de refinaria privatizada da Bahia é fake. A verdade é outra
novembro 24, 2022 | Categoria: Notícia
O vice-presidente da Acelen, empresa criada pelo fundo árabe Mubadala para administrar a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, após a privatização da mesma, deu uma entrevista ao Jornal Correio da Bahia, afirmando que em 10 meses de operação a Acelen registrou um aumento de 20% na produção da refinaria, que passou de 205 mil a 255 mil barris de petróleo processados por dia.
Será que realmente a privatização levou ao aumento do processamento de barris de petróleo na refinaria baiana e a Acelen estaria de parabéns? Não é bem assim. A verdade é outra. O fato é que desde o governo Temer, em 2016, e no governo Bolsonaro, a partir de 2018, a Petrobrás adotou a criminosa política de subutilização do refino, aliada ao Plano de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) e à redução do efetivo mínimo. Tudo isto atrelado à prática de preços em paridade com o mercado internacional (PPI), fazendo com que os consumidores brasileiros pagassem preços exorbitantes pela gasolina, diesel e gás de cozinha.
O objetivo era arrumar o terreno para a venda das refinarias da estatal, como aconteceu ilegalmente com a RLAM, pois como parte integrante do capital da empresa a sua venda teria que ser aprovada pelo Congresso Nacional, o que não ocorreu. Desde 2016, após o golpe contra a presidenta Dilma, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindipetro Bahia, já vinham alertando para a estratégia das gestões da Petrobrás de reduzir intencionalmente a capacidade de refino das refinarias para passar a impressão de que a Petrobrás não tinha condições de abastecer o mercado e de fazer investimentos para isto, dando assim mais uma justificativa para a venda destas refinarias.
Vejamos: segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), em 2014, a RLAM processava mais de 300.000 barris de petróleo diários. Após a adoção da política de subutilização do refino, em 2018, a RLAM saiu de mais de 80% para 51% da sua capacidade instalada, passando a refinar 190.000 barris de petróleo/dia.
Desmonte no refino foi proposital
Como se isso não fosse pouco, a gerência da RLAM resolveu paralisar a U-32, principal unidade de destilação da refinaria. A paralisação só foi suspensa após pressão dos trabalhadores e denúncia do desmonte praticado no refino do país, feita pelo Sindipetro Bahia, com boa repercussão na grande mídia.
Após solicitações do Sindipetro, a comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados (CFFC) realizou, à época, uma visita técnica à RLAM, para verificar os motivos da redução da produção de combustíveis como gasolina e óleo diesel para menos da metade da capacidade da fábrica, solicitando providências para que a atividade fosse retomada. O deputado Jorge Solla (PT-BA) foi o autor do Requerimento 508/18, que pleiteou a visita técnica. Como resultado, a Petrobrás acenou com a retomada de operação das refinarias com carga máxima.
Resumindo: o nível de processamento da RLAM foi reduzido em 30%, sendo que agora, após quase um ano, a Acelen recuperou apenas 20% deste processamento, pois já é visível que falta à empresa privada expertise no ramo, levando a vários erros de programação, o que impede que a refinaria baiana opere com 100% da sua capacidade instalada.
Portanto, ressalta o Coordenador Geral da FUP, Deyvid Bacelar, que em 2018 era coordenador do Sindipetro-BA, “é hipocrisia falar em aumento de produção na RLAM, uma vez que a sua produção foi intencionalmente reduzida justamente para, após a privatização, passar para a sociedade a ideia de que a privatização traz benefícios. Não traz. E isto nós já estamos sentindo, pois a Bahia tem hoje o combustível mais caro do Brasil. Além disso, falta gás de cozinha no mercado e já houve recorrentes problemas com o abastecimento dos navios de grande porte”.
Fonte – Imprensa Sindipetro Bahia
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