Às custas da população, Petrobrás registra novo superlucro e entrega mais R$ 48 bi aos acionistas
maio 6, 2022 | Categoria: Notícia
A gestão da Petrobrás vai distribuir aos acionistas, a grande maioria deles privados e estrangeiros, mais de 100% do superlucro de R$ 44,56 bilhões registrado no primeiro trimestre deste ano, cujo resultado se deve, principalmente, aos preços abusivos dos combustíveis que é praticado pela empresa. Apesar do controle acionário da Petrobrás pertencer ao Estado brasileiro, o presidente da República, Jair Bolsonaro, nada faz para impedir que os gestores da estatal continuem sangrando a população para satisfazer o apetite insaciável do mercado.
“O foco da Petrobrás hoje é gerar e distribuir valor, principalmente para acionistas privados. Mais de 45% são investidores estrangeiros, com ações da Petrobrás nas bolsas de São Paulo e de Nova Iorque”, observa Bacelar. “Os gestores da empresa socializam os investimentos e privatizam os lucros. Quem paga os dividendos para os grandes fundos de investimentos nacionais e internacionais é o povo brasileiro”, afirma o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
O superlucro de R$ 44,56 bilhões da Petrobrás no primeiro trimestre deste ano, 38 vezes maior que o do mesmo período do ano anterior, traz a marca da inflação recorde dos combustíveis e da transferência de riqueza promovida pela política de paridade internacional de preços do governo Bolsonaro.
Enquanto a população passa fome, a estatal brasileira, que deveria ter gerida para atender os interesses nacionais, entregará aos acionistas privados mais R$ 48,5 bilhões de dividendos, menos de seis meses após a mega distribuição de R$ 101 bilhões relativa ao exercício de 2021.
No governo Bolsonaro, de janeiro de 2019 a 1° de maio de 2022, a gasolina, nas refinarias, subiu 165,8%, o diesel 155,2% e o GLP 118,4%, levando o preço médio do botijão de gás de 13 quilos para acima de R$ 120,00. Isso porque os combustíveis são reajustados com base no PPI, que segue as cotações internacionais do petróleo, variação cambial e custos de importação de derivados, sem levar em conta que 94% da produção de petróleo é nacional – ou seja, com custos em real.
“Com essa política de preço, que tem impacto nefasto no custo de vida, a inflação cresce e a renda média do brasileiro cai”, afirma o coordenador da FUP. Ele alerta, também, para o impacto na vida das famílias brasileiras da alta da taxa de juros, que já está em 12,75% ao ano, uma das maiores do mundo: “é mais uma medida do governo federal que impede investimentos, geração de emprego e que retira renda da população mais pobre para os mais ricos”.
Abrasileirar o preço dos combustíveis
Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese/subseção FUP), com base nas informações dos relatórios de desempenho financeiro da Petrobrás de 2019, 2020 e 2021, mostra que a Petrobrás apresentou em 2021 um custo médio de extração de petróleo e produção de derivado de R$114,89 por barril e vendeu esse produto no mercado interno por R$ 416,40 o barril, garantindo, assim, lucro de R$ 301,51 por cada barril comercializado no país no ano passado. Na composição desses custos, entram as participações governamentais (royalties e participações especiais) e todos os custos operacionais (na extração do petróleo e refino).
O constante aumento nos preços dos derivados foi o maior responsável pela alta de 7,51% do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) de abril. A elevação dos combustíveis teve influência no custo de demais produtos, principalmente alimentícios, levando a inflação do mês passado ao maior patamar desde 1995.
No dia 27 de abril, a Petrobrás comemorou o aumento na produção de petróleo e derivados apontado no relatório de produção e venda do primeiro trimestre de 2022. Houve recordes na produção de óleo e gás em campos do pré-sal; recorde de 56% de participação de diesel S-10 na produção total do derivado; e recorde de processamento de óleo pré-sal, além do aumento do Fator de Utilização (FUT) nas refinarias.
“Se a Petrobrás comemora recordes na produção, com o custo majoritariamente em real, por que a população segue pagando em dólar? É urgente abrasileirar o preço dos combustíveis”, ressalta Deyvid Bacelar.
[Da comunicação da FUP]