Artigo – O último grande derramamento de petróleo nos Estados Unidos e a venda da Refinaria de Mataripe
novembro 8, 2021 | Categoria: Attila Barbosa, Notícia
Por Attila Barbosa
No dia 04 de outubro, os Estados Unidos e o mundo foram surpreendidos com mais um desastre ambiental do setor de petróleo, um derramamento de grandes proporções de óleo no mar da Califórnia.
Foram derramados 474 mil litros de petróleo na costa da Califórnia. A prefeita de Huntington Beach, Kim Carr, classificou o incidente como uma “catástrofe ambiental” e afirmou que este é um “desastre ecológico em potencial”.
As autoridades ambientais dos Estados Unidos vêm atribuindo as causas do acidente à falta de manutenção e à falha na fiscalização. Mesmo com a aplicação de leis e multas severas esse tipo de desastre é recorrente no país. Nos Estados Unidos, o setor de petróleo é predominantemente dominado pela iniciativa privada e até para um país de primeiro mundo uma fiscalização eficaz que impeça esses desastres é muito difícil de ser feita devido as dificuldades técnicas de fiscalização e ao grande poder econômico que envolve o setor. A suspeita é que esse não seja o primeiro vazamento de óleo na região, mas foi o que ganhou grandes proporções e foi detectado.
Vale lembrar outro grande desastre ocorrido na costa dos Estados Unidos, no Golfo do México. Em 2010, foram derramados 750 milhões de litros de petróleo no mar, tornando esse o maior derramamento de óleo no mar do país, a empresa responsável foi a BP (British Petroleum) uma multinacional sediada no Reino Unido.
A ocorrência desse tipo de desastre é o grande perigo que a Baía de Todos os Santos corre com a privatização da Refinaria de Mataripe que fica em uma de suas margens, no Recôncavo Baiano, na divisa das cidades de São Francisco do Conde e Madre de Deus.
No último dia 01 de novembro a Baía de Todos os Santos completou 520 anos de rebatizada quando o navegador português Gaspar de Lemos acompanhado por Américo Vespúcio, cartógrafo italiano chegaram por aqui, antes chamada pelos Tupinambás de Grande Lagoa ou Grande mar interno (Kirimurê) .
A BTS ( Baía de Todos os Santos) é a segunda maior baía em extensão do mundo e a primeira do Brasil, é também considerada ao lado da baía de Sidney, Austrália, uma das baías urbanas mais limpas do mundo, apesar das pressões que vem sofrendo tanto pelas mudanças climáticas, bem como pelo avanço da ocupação humana e seus processos econômicos.
Sede da Amazônia azul devido a sua relevância no território marítimo da costa brasileira, a BTS é parte da zona econômica exclusiva do Brasil e portanto sua manutenção e proteção são de responsabilidade do estado brasileiro, que deve estar atento a possíveis ameaças ambientais.
Infelizmente, o processo de privatização da segunda maior refinaria do Brasil junto com seu terminal marítimo, Temadre, colocam a BTS sob sérios riscos ambientais. A refinaria de Mataripe que pode processar até 323.000 barris de petróleo em um dia e seu terminal marítimo, mais toda sua logística associada, passarão a ser de propriedade de um grupo estrangeiro caso a negociação de venda destas unidades sejam concluídas.
Um grande alerta soa para toda a comunidade que trabalha e vive no entorno da BTS, haja vista o histórico das privatizações e a forma que são feitas as fiscalizações de grandes grupos econômicos no Brasil. Podemos citar os casos de “falhas” de fiscalização que culminaram nos crimes ambientais de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, frutos do processo de privatização da Vale do Rio Doce.
Não nos enganemos, o Fundo de investimentos Árabe, Mubadala, que negocia com a Petrobras a compra da refinaria de Mataripe vem ao Brasil em busca de lucro rápido e fácil, sem o menor comprometimento com a economia local ou com a preservação ambiental, prova disso é o baixíssimo valor da negociação (50% do valor de mercado), uma barganha sem precedentes em negociações de refinarias pelo mundo.
*Petroleiro e Sindicalista.
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