A venda da refinaria da Bahia e a conjuntura nacional
outubro 8, 2021 | Categoria: Notícia
Por Attila Barbosa
Como é de conhecimento da maioria e conforme informado pela Petrobras, as operações da refinaria da Bahia passaram a adotar os códigos da refinaria de Mataripe S. A subsidiária da Petrobras.
O que muda? Como a própria Petrobras informa, nada muda, inclusive nossa determinação em defender nossos empregos e o patrimônio do povo brasileiro. Esse processo por mais indesejado que seja, nós já esperávamos que ocorresse, uma vez que a frase de Jucá ecoou, com Supremo e com tudo. Mas isso não quer dizer que todos jogam contra os interesses do Brasil ou que é o fim da linha, na verdade o que essa frase significa ou significou é que naquele momento o entendimento que se tinha inclusive no Supremo, era que mudanças deveriam ocorrer mesmo com o custo a se pagar.
Bom, hoje estamos totalizando os custos e está muito nítido para onde tentavam ou tentam nos conduzir com a quebra da regra democrática da escolha popular ocorrida em 2016.
O que alguns imaginavam, que seria pacificar o ambiente político, podendo trazer melhoras para economia se mostrou uma solução cara e inapropriada. O golpe não trouxe nada que prometeu à sociedade brasileira, muito pelo contrário, houve sim uma piora na economia, nos indicadores sociais e também no ambiente político, inclusive, entre os poderes da República. Mergulhamos em um abismo que muitas vezes parece não ter fim.
Mas como fala a propaganda imortalizada , o brasileiro não desiste nunca – mesmo com uma pandemia que assolou o mundo todo e que no Brasil ainda foi agravada pelas ações de um governo inapto e sem nenhum compromisso com o povo ou com o país, um governo que se transformou no que muitos já apontavam, um balcão de negócios, onde seus membros estão muito mais preocupados em garantir benefícios pessoais e para seus pares do mercado financeiro do que para a sociedade – , o povo foi às ruas e invadiu as redes sociais denunciando as arbitrariedades cometidas por esse governo, fazendo com que a opinião pública começasse a mudar.
Hoje, o cenário já podemos dizer que é outro com novas perspectivas, mesmo com os ataques ao trabalhador e a trabalhadora, bem como ao setor público e estatal, que vêm desse governo liberalóide.
Lula está chegando e com ele a esperança de voltarmos a ser um povo alegre, próspero e soberano. E no setor tão importante e estratégico para o país não poderia ser diferente, novas perspectivas virão. Verdade que não temos nada garantido e há muito trabalho pela frente para manter a resistência e o retorno do setor ao interesse público e nacional como protagonista.
O mercado já começou a entender que a farra vai acabar. Tivemos no último mês duas boas notícias, a desistência da compra da RNEST e da Refap, pois as condições que garantem o lucro rápido e fácil aos interessados, são condições que, certamente, não estarão presentes em um novo mandato do Partido dos Trabalhadores, caso Lula venha confirmar sua candidatura e também sejam confirmados os resultados de inúmeras pesquisas que apontam sua vitória ao pleito presidencial.
E como fica a refinaria na Bahia? Seguiremos na resistência, somos resistência e ser resistência não é fácil. A gestão do governo e da Petrobras não desistiram e não devem desistir da venda da refinaria. O objetivo dessa turma é transferir o máximo do Patrimônio público para os seus cúmplices do setor privado. Nossa trincheira nos outros poderes continua, tanto no Parlamento como no poder judiciário, onde a ação sobre a venda das refinarias através da transformação em subsidiárias com o intuito de privatizar a Petrobras por partes ainda não foi julgada no mérito, o que para nós passou a ser positivo uma vez que a opinião pública, hoje, discute muito mais a importância da Petrobras e suas refinarias como instrumentos estatais estratégicos do que antes.
Outra frente de resistência travada por nós trabalhadores deve ser dentro da refinaria sem passar pano para a gestão. Vários problemas foram criados pela gestão central bolsonarista da empresa, que tem como meta vender a refinaria. Cabe a nós mostrarmos, a quem quer comprar, as dificuldades que terá na gestão da refinaria, caso a venda seja concretizada.
Por isso, nós do Sindicato dos Petroleiros do estado da Bahia orientamos os trabalhadores a não colaborarem com o Fundo comprador e seus representantes, não passem informações pessoais ou façam contato com a nova empresa para novos contratos pessoais, informações só no sentido de fazerem eles a desistir da compra, mostrando os problemas que, com certeza, a gestão não deve estar apontando ou relativizando.
Todo e qualquer ato nosso deve ser de resistência. Devemos pensar no nosso futuro, sim. Mas, sobretudo, devemos pensar no futuro das pessoas que amamos, o que muitas vezes pode parecer uma vantagem no curto ou curtíssimo prazo, a médio e longo prazo podem ser fonte de dor e sofrimento, tanto para nós no âmbito individual como no âmbito familiar. O que hoje pode se apresentar como uma vantagem financeira, amanhã pode desamparar quem amamos. Não estamos tratando aqui de uma questão meramente sindical, estamos tratando sobre qual o futuro que queremos para nós e para nossos filhos e filhas, se queremos um futuro de direitos ou um futuro que teimam em construir para nós, sem direitos.
Somos resistência, nosso amparo é na coletividade, é nela que reside nossa força. Precisamos cada vez mais conversar e sermos fraternos uns com os outros e o sindicato pode e deve ser a referência para essa unidade, nesse momento em que estamos sendo provados diária e de diuturnamente.
Juntos Somos Fortes
Attila Barbosa é petroleiro e sindicalista