7 de setembro- Brasil precisa voltar a lutar pela sua independência
setembro 7, 2020 | Categoria: Notícia
Em 7 de Setembro de 1822, o Brasil proclamava-se independente de Portugal. Ansiava-se por um país autônomo e soberano. Hoje, 198 anos depois, o Brasil toma um caminho inverso, de retrocesso, correndo o risco de virar novamente colônia, mas dessa vez dos Estados Unidos.
Comemorar o 7 de setembro chega a ser uma hipocrisia do governo Bolsonaro, responsável pela maior entrega do patrimônio nacional da história do país. O dirigente, com pouco ou nenhum apreço à democracia, costuma prestar continência à bandeira norte americana, assim como defender os interesses do governo estadunidense.
Quem realmente ama o Brasil e o seu povo não entrega suas riquezas, não deixa o país vulnerável, à mercê de grandes potências. Em menos de dois anos à frente da presidência, Bolsonaro já mostrou o seu propósito que é o de destruir.
Desmonte como política de governo
Ao desmontar a estrutura de fiscalização e legislação ambiental, Bolsonaro, através de seu ministro Ricardo Salles – aquele que aconselhou aproveitar a pandemia da Covid-19 para passar a boiada, ou seja, vender e entregar tudo -, está acabando com a Amazônia, podendo levar a maior floresta tropical do planeta a um limite irreversível de destruição, segundo cientistas.
A Amazônia é um bem público assim como o petróleo (e seus derivados) encontrado em solo brasileiro. De um governo sério, espera-se mais responsabilidade com o patrimônio da população, não o contrário. Assim como a Amazônia, a Petrobrás, criada em 1953, – impulsionada pelo sonho de uma nação soberana e independente em energia – está sendo destruída, fatiada e vendida a preços módicos. Uma verdadeira pilhagem.
De acordo com levantamento feito pelo Sindipetro Unificado de São Paulo, durante a pandemia a atual gestão do Sistema Petrobrás colocou à venda ao menos 382 ativos. A lista inclui: 41 campos terrestres, 12 campos de águas rasas, 39 plataformas, 9 blocos exploratórios, 13 mil quilômetros de gasodutos, 124 postos de gasolina, 12 unidades de geração de eletricidade e 8 unidades de processamento de gás natural.
Foram colocadas à venda também a Usina de Biocombustíveis, a PBIO, e refinarias como a Refinaria Landulpho Alves, localizada no município de São Francisco do Conde, na Bahia. No entanto a venda da Rlam é ilegal, pois ela não é uma subsidiária da Petrobrás, faz parte do capital social da estatal desde a sua fundação em 1953, portanto, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal, não pode ser vendida sem aprovação do Congresso Nacional.
Comemorar o quê?
Diante do que vem acontecendo no Brasil, não há o que se comemorar ou homenagear no 7 de Setembro. A data será mais um dia de luta e de denúncia. O cenário hoje no país é trágico. Além da crise sanitária, gerada pela pandemia da Covid-19, vivemos uma crise politica e econômica, agravada pelo fascismo e fundamentalismo religioso que tentam se impor através de decretos governamentais e divulgação de notícias falsas, as fake news, para confundir e desinformar a população.
Hoje no Brasil são políticas de governo, a entrega do patrimônio brasileiro com a privatização dos recursos naturais, o aprofundamento da desigualdade social, a discriminação, a perda de direitos, o preconceito, a repressão, o ataque e o menosprezo à educação, saúde e cultura.
Grito dos (as) excluídos(as)
É um cenário de horror que vem sendo combatido pelas forças progressistas e vai ser denunciado nesse 7 de Setembro através do 26º Grito dos Excluídos e Excluídas que traz como tema “Vida em primeiro lugar” – Basta de miséria, preconceito e repressão. Queremos trabalho, terra, teto e participação!”.
Representantes da sociedade organizada, de movimentos sociais, da juventude, sindicatos, federações e centrais sindicais, estarão presentes, no Grito dos(as) Excluídos (as), fazendo a luta no 7 de Setembro.
A soma dos medos e a independência do Brasil
De acordo com o historiador Sérgio Buarque de Holanda havia um “sentimento de medo, que funcionou como amálgama do processo de Independência do Brasil”. Em entrevista ao site da BBC Brasil (https://bbc.in/2QIJcOL), outro historiador, Laurentino Gomes – autor dos premiados livros 1808, 1822 e 1889 sobre a história do Brasil – explica que o medo de uma guerra civil republicana e o de uma guerra étnica, que ameaçavam os interesses da elite escravista brasileira, levou essa elite a fazer um pacto com o trono brasileiro para que se desse a independência do Brasil, em 1822, mantendo a monarquia no país por mais 67 anos.
Segundo o historiador havia o medo de que o Brasil mergulhasse numa guerra civil republicana como estava acontecendo na américa espanhola. Somando – se a esse medo havia outro ainda maior: a hipótese de uma guerra civil republicana no Brasil, o que obrigaria os chefes políticos regionais a armar os seus escravos e, uma vez armados, e “imbuídos das ideias libertárias que sopravam da Revolução Francesa, da Independência dos Estados Unidos, e assim por diante, poderiam reivindicar a própria liberdade”.
Pelo que conta a história não oficial, a independência do Brasil fez parte de um grande acordo. “Romperam os vínculos com a metrópole, mas não mexeram em nada. Não acabaram com o tráfico de escravos, não acabaram com a escravidão, não educaram as pessoas, não fizeram a reforma agrária, mantiveram a estrutura social vigente. E isso explica o processo de independência totalmente diferente do Brasil em relação aos seus vizinhos da América” afirma Gomes.
Isso explica também, em parte, a estrutura da atual sociedade brasileira e a grande desigualdade social que existe no país. Se o povo não se revoltar contra as injustiças continuará sendo vitima dos grandes acordos, como esse último que levou ao golpe contra a presidenta Dilma Roussef, “com supremo, com tudo”.
Escrito por – Imprensa Sindipetro Bahia
Tag: 7 de setembro, desmonte, Grito dos (as) excluídos(as), independência, Refinaria Landulpho Alves