Publicado: 29/05/2017

Líder do PT na Câmara acusa Lava Jato de fazer parte do golpe

No primeiro painel da tarde deste sábado, sobre a Lava Jato, o desmonte do Sistema Petrobrás e as consequências políticas e econômicas para o povo brasileiro, o deputado federal petista e líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini, afirmou que a Lava Jato faz parte da estratégia do golpe que levou Temer ao poder, com financiamento de entidades como a FIESP, CNI, AMBEV e a grande mídia. Segundo o deputado, a Lava Jato “descobriu” os delatores para incriminar o PT e criminalizar os movimentos sociais, posteriormente negociando a liberdade de todos os delatores, “que hoje estão vivendo muito bem”.

Do lado politico, o parceiro do golpe, o PSDB, foi aumentando seu poder e todos lembram que na campanha presidencial de 2014 o hoje envolvido em corrupção denunciada pelo grupo JBS, Aécio Neves, não defendia a agenda de reformas. O deputado Carlos Zarattini afirma que ao chegar ao poder através do golpe, a primeira medida aprovada foi a PEC 55 (Teto dos Gastos Públicos) para reduzir os investimentos nas áreas da saúde e educação e estrangular o país a partir de 2018, quando começa aparecer os resultados. Como obediência ao que a elite manda, ressalta o deputado, apresentaram e querem aprovar de qualquer jeito as reformas trabalhista e da previdência, retrocesso que penaliza a classe trabalhadora e o povo brasileiro.

Para o líder do PT na Câmara Federal, os golpistas vão querer continuar nesse rumo, com mais agressividade para aprovar as reformas, como vimos na manifestação de Brasília, “quando o fraco e covarde Temer correu atrás do Exército para reprimir milhares de trabalhadores que exigiam diretas já e a retirada das reformas do Congresso”.   

Para se contrapor aos golpistas, o PT discute em seu congresso agora em junho diretas já e antecipação das eleições gerais para 2017 e levará esse debate aos movimentos sociais, “porque acreditamos na capacidade de mobilização do povo e da classe trabalhadora em todo o país”.

 

FUP PEDE SAÍDA IMEDIATA DE PARENTE

O segundo a falar foi o coordenador da FUP, José Maria Rangel. Ele citou números da época de FHC e de Lula para mostrar que nunca a Petrobrás cresceu tanto como no período petista e talvez por isso persigam tanto o ex-presidente. No governo Lula a estatal representava 13% do PIB, mas no de FHC era de 2%; a indústria naval chegou a empregar 90 mil contra 2 mil de FHC; o valor de mercado da empresa no governo tucano era de 51 bilhões, enquanto no de Lula alcançou 215 bilhões; nos dois governos do ex-presidente Lula a engenharia nacional foi totalmente revigorada e o resultado foi a descoberta da maior reserva de petróleo do mundo com os campos do Pré-sal, conquista essa que está sendo entregue pelos golpistas às petrolíferas estrangeiras. Segundo José Maria Rangel, “no mês de outubro a Petrobrás ficará de fora do leilão da ANP e cinco blocos do Pré-Sal serão entregue às empresas estrangeiras”.

Por esses e outros males causados ao povo brasileiro, Zé Maria afirma que Parente tem que sair imediatamente da Petrobrás, pois ele faz parte desse golpe que levou o ilegítimo Temer ao poder, ressaltando que a FUP e seus sindicatos filiados já enviaram documento à direção da estatal exigindo a saída e anulação de todos os atos da sua gestão.  

 

CATEGORIA NÃO VAI PERMITIR PRIVATIZAÇÃO

O economista, pesquisador do Centro Celso Furtado e membro do GEEP (Grupo de Estudos Estratégicos de Propostas da FUP), Rodrigo Pimentel afirmou que as ações de Pedro Parente à frente da estatal não recuperaram a Petrobrás. Em sua opinião, “Parente está fazendo um desserviço à empresa, aos petroleiros e à população brasileira, pois é preciso entender que a Petrobrás vai muito além da categoria petroleira”.

Ele afirmou ainda que a diminuição, o desmonte da companhia não é a única saída. “Existem outras muito melhores, que inclusive foram colocadas em prática durante o governo de Lula (em 2010, a Petrobrás chegou a ser a segunda maior empresa do continente americano e a quarta maior do mundo. Em setembro deste mesmo ano passou a ser a segunda maior empresa de energia do mundo em valor de mercado). Para ele, Parente sabe que está lidando com uma categoria que não vai permitir que a Petrobrás seja privatizada.

LAVA JATO DEVOLVE PARTE DA PROPINA AOS DELATORES

Já o também economista, professor de ciências políticas na Escola de Sociologia e Política de São Paulo e membro do GEEP, William Nozaki, afirmou que “a lava jato tem sido tratada pela população e pela opinião pública em geral como uma forma adequada de combate a corrupção, mas na verdade ela esconde uma interpretação equivocada do que é o estado brasileiro, porque ela pressupõe tudo aquilo que vai na contramão do que dizem os indicadores econômicos e políticos internacionais quando ela defende que o combate à corrupção precisa passar pelo desmonte do estado e pela diminuição dos investimentos das empresas estatais”.

Nozaki deu uma informação que pouca gente sabe e que a mídia não divulga. Ele explicou que “quando a operação Lava Jato transforma em regras as delações premiadas, ela negocia não só a redução da pena dos delatores, ela também negocia aquilo que se chama de cláusula de desempenho, cláusula de performance, que na prática significa que uma porcentagem dos recursos desviados pelos delatores são devolvidos e redistribuídos para eles depois de as delações serem concluídas”.

Portanto, “do ponto de vista ético, os procedimentos da operação Lava Jato podem ser contestados e devem ser problematizados pela opinião pública, porque na verdade ela tem servido não como um instrumento de combate à corrupção, mas sim como um instrumento de desmonte de um projeto de país e de desmonte do setor de petróleo e energia do Brasil”, concluiu.

 

COMBATE À CORRUPÇÃO NÃO PODE DESTRUIR EMPREGOS

O painel de debates, que despertou muito interesse dos congressistas, foi encerrado, com a fala do presidente da CNM, Paulo Cayres, que ressaltou que “ninguém é contra o combate à corrupção, se há diretores corruptos, que sejam presos, mas é inadmissível destruir uma empresa por conta da corrupção de alguns poucos”.

Ele informou que os quase 4 milhões de postos de trabalho que foram perdidos no Brasil tem algum tipo de relação com o desmonte da Petrobrás. Cayres também citou a destruição do setor de engenharia e o fechamento de mais de 2 milhões de empresas. “Quantos bandidos foram presos nessa operação em comparação aos milhões de empregos perdidos”?  indagou Paulo Cayres.