Passadas quase 24 horas da morte de Sandro Ferreira da Silva, 43 anos, que prestava serviços para a Petrobrás na plataforma PNA-2, na Bacia de Campos, o corpo do trabalhador ainda continuava a bordo da unidade no início da tarde desta segunda-feira (26).
Funcionário da empresa RIP Kaeter, o petroleiro realizava manutenção em um guindaste e, de acordo com as informações iniciais, teria sido esmagado pelo equipamento.
É o quarto óbito este ano em acidentes de trabalho nas unidades do Sistema Petrobrás. Todas as vítimas eram trabalhadores terceirizados.
A FUP e seus sindicatos vêm constantemente denunciando a insegurança crônica na empresa, que aumentou após a implantação do sistema de consequências, cujo objetivo é punir os trabalhadores, transferindo para eles a responsabilidade pelos erros da gestão. Os dirigentes sindicais têm questionado os efeitos perversos dessa política, que incentiva a subnotificação de acidentes, principalmente entre os terceirizados.
Nesta segunda, pela manhã, diretores do Sindipetro-NF estenderam faixas no Heliporto do Farol de São Thomé e fizeram falas que denunciaram a precarização das condições de segurança nas áreas operacionais da Petrobrás.
Embora não represente os empregados da RIP Kaeter, o sindicato atua no caso desde que foi informado da morte e está à disposição dos familiares e colegas de trabalho do petroleiro.
"Os petroleiros, independentemente da empresa em que atuem, são os nossos olhos a bordo e nas bases de terra. E são eles que mais conhecem a realidade. Por isso é muito importante que mantenham o sindicato atualizado sobre as condições de trabalho", afirma o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, deve embarcar ainda hoje na plataforma PNA-2, na Bacia de Campos, para atuar na comissão que investiga o acidente.
De acordo com informações apuradas junto à Petrobrás, a retirada do corpo do local do acidente é uma operação delicada, em razão da altura de dez metros do piso da plataforma e do difícil acesso. O trabalho será feito por uma equipe especializada dos bombeiros.
Além da dor da família, que aguarda pelo corpo em Macaé, o sindicato registra o grande abalo psicológico sofrido pelos colegas trabalhadores a bordo de PNA-2. Para estes, a entidade orienta que solicitem, se julgarem necessário, o desembarque.
No domingo (25), por volta das 14h30, horário do acidente, 192 petroleiros estavam a bordo. A plataforma continua a operar hoje.
O sindicato também mantém o apelo para que os petroleiros enviem para a entidade qualquer informação que possa contribuir na elucidação das causas do acidente (denuncia@sindipetronf.org.br ou pelos telefones da diretoria).
Para todos os demais trabalhadores, segue o alerta constante para que utilizem o Direito de Recusa ao trabalho que não garanta a segurança necessária (Item 11.9 do Anexo 2 da Nr 30).
Fonte: FUP