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Publicado: 06/11/2018 | 2658 visualizações

Petrobras tem lucro de R$ 6,64 bilhões no 3° trimestre

No acumulado no ano, a estatal soma lucro de R$ 23,6 bilhões, o melhor resultado para o período desde 2011. Petroleira irá distribuir R$ 1,3 bilhão para acionistas.

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 6,644 bilhões no 3º trimestre de 2018, segundo balanço divulgado nesta terça-feira (6). O resultado representa uma queda de 34% na comparação com o 2º trimestre (R$ 10,07 bilhões). Já ante o mesmo período do ano passado (R$ 266 milhões), o lucro foi 25 vezes maior.

No acumulado no ano, a estatal soma lucro líquido de R$ 23,6 bilhões, o melhor resultado para o período desde 2011, segundo a companhia, e um crescimento de 371% na comparação com os 9 primeiros meses de 2017.

O resultado do 3º trimestre poderia ter sido melhor não fossem os acordos firmados com o governo dos EUA para encerramento das investigações dos casos de corrupção, que tiveram impacto negativo de R$ 3,5 bilhões.

Resultados da Petrobras

Lucros e prejuízos nos últimos trimestres, em R$ bilhões

 

No final de setembro, a estatal anunciou que fechou um acordo que prevê o pagamento de US$ 853,2 milhões para o encerramento, nos Estados Unidos, das investigações do Departamento de Justiça (DOJ) e da Securities and Exchange Commission (SEC) decorrentes das irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato.

Segundo a Petrobras, excluindo as provisões feitas para os acordos nos Estados Unidos, o lucro líquido seria de R$ 10,269 bilhões no 3º trimestre e de R$ 28 bilhões no acumulado do ano.

 

A Petrobras atribuiu o resultado principalmente aos seguintes destaques:

 

  • Maiores margens de lucro nas vendas de derivados no Brasil e nas exportações, ambas impulsionadas pelo aumento do preço do barril de petróleo e pelo real mais desvalorizado;
  • Aumento nas vendas de diesel com expansão da participação de mercado; a empresa recebeu R$ 1,6 bilhão do governo federal referente ao programa de subvenção do diesel;
  • Menores despesas gerais e administrativas;
  • Impacto de R$ 3,5 bilhões para encerramento de investigações das autoridades norte-americanas e ressarcimento de R$ 1, 7 bilhão de recursos recuperados pela operação Lava Jato.

 

O faturamento da companhia alcançou R$ 98,26 bilhões no 3º trimestre, uma alta de 16% na comparação com o período entre abril e junho. Somente a receita da divisão de abastecimento somou R$ 76,3 bilhões, com crescimento de 17% na comparação anual.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou R$ 29,856 bilhões no 3º trimestre, queda de 1% ante o segundo trimestre, mas um forte aumento de 55,3% ante o mesmo período do ano passado.

Mais uma vez, o lucro da Petrobras superou o dos maiores bancos do Brasil. Na semana passada, o Itaú reportou lucro de R$ 6,25 bilhões, e o Bradesco, de R$ 5 bilhões. Já a Vale teve lucro de R$ 5,75 bilhões.

 

O lucro da Petrobras, entretanto, veio abaixo do esperado pelos analistas, afetado por efeitos não recorrentes. A média das projeções coletadas pelo "Valor Econômico" com cinco instituições financeiras apontava para um lucro de R$ 10,09 bilhões.

 

“Nossos resultados financeiros comprovam que já estamos colhendo uma série de frutos decorrentes de nossa recuperação. É o terceiro trimestre seguido em que registramos lucro líquido... Arrumamos a casa", afirmou, em comunicado, o presidente da Petrobras, Ivan Monteiro.

 

 

Endividamento

 

Em relação ao fim de 2017, a dívida líquida da Petrobras aumentou 4%, saltando de R$ 280,75 bilhões em dezembro para R$ 291,83 bilhões em setembro. A companhia atribuiu o aumento "à depreciação do real frente ao dólar".

O endividamento líquido é resultado de todas as dívidas da empresa, menos o dinheiro que ela possui em caixa.

Com isso, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e o Ebitda chegou a 2,96 vezes, ante 3,23 vezes no fim de junho e 3,67 vezes em dezembro de 2017. A meta da companhia é atingir uma alavancagem inferior a 2,5 vezes até o fim de 2018.

Em dólares, a dívida líquida da estatal atingiu US$ 72,88 bilhões, o que representa uma redução de 14% em relação a dezembro de 2017, e o menor valor desde 2012.

Distribuição de R$ 1,3 bi para acionistas

 

A Petrobras informou que seu conselho de administração aprovou a distribuição de R$ 1,3 bilhão de reais, ou R$ 0,10 por ação, em remuneração para os acionistas sob a forma de juros sobre capital próprio.

O pagamento será realizado em 3 de dezembro, com base na posição acionária de 21 de novembro. O montante estará provisionado nas demonstrações contábeis do quarto trimestre. A antecipação do pagamento de JCP deverá ser imputada ao dividendo mínimo obrigatório relativo aos resultados de 2018.

No trimestre anterior, a petroleira anunciou uma antecipação de juros sobre o capital próprio aos acionistas no valor de R$ 652,2 milhões. No final de abril, os acionistas da Petrobras aprovaram uma mudança no estatuto da petroleira que define os pagamentos de dividendos intercalares ou dos juros sobre o capital próprio a cada trimestre.

 

Ações sobem mais de 75% no ano

 

As ações da Petrobras acumulam alta de mais de 75% no ano, impulsionadas pelo aumento do preço do barril de petróleo. A petroleira foi a empresa brasileira de capital aberto que mais subiu em valor de mercado nos primeiros 10 meses do ano.

Segundo levantamento da Economatica, e empresa ganhou R$ 164 bilhões até o fechamento dos negócios em 31 de outubro, para R$ 380 bilhões, se mantendo no posto de maior companhia listada na B3. A máxima histórica foi registrada no dia 21 de maio de 2008, quando a estatal atingiu na Bovespa valor de mercado de R$ 510,3 bilhões.

Produção cai no ano

 

A produção total de petróleo e gás natural da companhia nos nove primeiros meses do ano foi de 2,617 milhões de barris de óleo equivalente (boe), o que representa uma queda de 6% em relação ao mesmo período de 2017. Segundo a estatal, a queda foi impactada principalmente pela venda dos campos de Lapa e Roncador.

Já a produção de derivados no Brasil caiu 2% no acumulado em 9 meses, e a venda doméstica de combustíveis, 4%, "devido à redução nas vendas de nafta para a Braskem e à perda de participação de mercado da gasolina para o etanol".

 

Cresce participação de mercado em combustíveis

 

As vendas de diesel, no entanto, aumentaram 6%, segundo a estatal. A fatia da companhia no mercado de diesel do Brasil atingiu 93% em setembro, ante 91% em agosto. A participação da empresa aumentou mais acentuadamente após os protestos dos caminhoneiros em maio e depois da implantação do programa de subsídios. Em janeiro, era de 65%.

No mercado de gasolina, a Petrobras teve aumento de participação para 91% em setembro, ante 89% em agosto e 80% em janeiro.

“Do ponto de vista de performance de vendas, a política comercial mais agressiva está nos fazendo recuperar o market share”, afirmou o diretor de Refino da companhia, Jorge Celestino.

O executivo destacou também que a empresa conseguiu reduzir em 4% o custo unitário de refino, chegando a US$ 2,52 por barril.

 

Vendas de ativos abaixo da meta

 

A petrolífera investiu R$ 13,8 bilhões no terceiro trimestre do ano, alta de 49% na comparação anual.

Desinvestimentos, por sua vez, somaram apenas R$ 3 milhões no trimestre, tendo em vista a suspensão, por decisões judiciais, dos processos de venda de ativos. No ano, a Petrobras acumula R$ 16,8 bilhões em desinvestimentos.

 

O diretor da companhia, Ivan Monteiro, adiantou que não será possível cumprir a meta do plano de venda de ativos da companhia, estimado em US$ 21 bilhões no biênio 2017-2018.

 

 

"A gente não vai conseguir cumprir essa meta por causa da decisão judicial, que suspendeu alguns dos processos", disse. Segundo ele, a expectativa é fechar o biênio com a entrada de US$ 9,5 bilhões.

A companhia destacou ainda o aumento no pagamento de tributos e participações especiais à União, estados e municípios, que saltou de R$ 89,2 bilhões nos primeiros nove meses de 2017 para R$ 116,2 bilhões no mesmo período deste ano – um aumento de 30%.

 

Petrobras no governo Bolsonaro

 

Questionado se tem interesse em permanecer na direção da Petrobras após o candidato eleito Jair Bolsonaro (PSL) assumir a Presidência da República, o presidente da petroleira disse preferir não se manifestar antes de um posicionamento da nova equipe do Executivo.

 

“Não cabe à minha pessoa dizer se quero ou não. Isso cabe ao novo governo. Não tive nenhum diálogo e não recebi nenhum convite a esse respeito”, afirmou Ivan Monteiro.

 

Em relação à política de preços da companhia, Monteiro disse que pretende defender a manutenção dela. “A gente acha que essa política é transparente, que dá previsibilidade ao mercado, e é fator importante para obtenção dos resultados da companhia. Então, alterações nessa política têm que ser discutidas, mas é algo que cabe ao novo presidente decidir”, disse.

 

 

Fonte - G1 (EDITORIA ECONOMIA)