Ao longo de sua história, a categoria petroleira sempre se destacou pela visão crítica e pragmática nas suas análises e decisões. Entretanto, parece que essa postura realista tem se confundido com certo derrotismo por parte da categoria.
Não adiantaria resistir ao PCR, já que perderemos nossos direitos no próximo ACT. Não adiantaria negar a assinatura da PLR, já que não conseguiremos que a Fafen-PR tenha seus direitos reconhecidos. Não adiantaria denunciar situações de insegurança em nossas unidades, já que as denúncias não vão dar em nada. Não adiantaria lutar pela eleição de nossos candidatos, já que eles não terão chances ou serão impedidos pelos “verdadeiros donos do poder”. Não adiantaria lutar contra a prisão injusta de Lula, já que eles não deixarão que ele saia da cadeia.
É natural que, por vivenciarmos um golpe e sentirmos na pele as suas consequências, certo desânimo e pessimismo afetem a nossa análise da realidade. O que não podemos deixar é que as dificuldades colocadas pela conjuntura atual nos impeçam de sequer entrar em campo para virar esse jogo. Em resumo: se nem tudo parece bom, nem tudo está perdido!
Quem diria que conseguiríamos dificultar tanto as privatizações dentro da Petrobrás? Quem diria que conseguiríamos barrar a Reforma da Previdência? Quem diria que conseguiríamos manter conquistas históricas de nosso ACT? Quem diria que conseguiríamos derrubar Pedro Parente? Quem diria que ainda teríamos candidatos de esquerda com chances reais de ganhar nessas eleições? Quem diria que Lula, mesmo preso, seguiria favorito nas pesquisas eleitorais?
Se o golpe nos trouxe tempos difíceis, as perspectivas não são de tranquilidade para o próximo período, até mesmo em caso de vitórias eleitorais para a classe trabalhadora. No entanto, se não é bom entrar no clima de “já ganhou”, também não podemos entrar na onda do “já perdeu”. Como nos orienta o filósofo italiano Antonio Gramsci, sigamos pessimistas na razão e otimistas na ação.
Fonte - Sindipetro/MG