Com o anúncio de lucro histórico, Petrobras deve suspender o fechamento de Fábricas de Fertilizantes
A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (03/08) um lucro líquido de R$ 17 bilhões no primeiro semestre deste ano.
Apesar da FAFEN-BA não publicar resultados trimestreis, tem-se em conta que, no ano passado, a fábrica apresentou um prejuízo de R$ 200 milhões, segundo divulgado pela alta administração da companhia.
Numa conta muito simples, considerando a repetibilidade do resultado da FAFEN-BA de (-) R$ 100 milhões por semestre, conclui-se que o alegado prejuízo da fábrica na Bahia impactou em 0,59 % no lucro líquido da Petrobras para o primeiro semestre.
Parte deste lucro se deve justamente ao preço do gás natural que a Petrobras cobra das FAFEN's, quase quatro vezes o valor do gás que é vendido pelo mercado nos EUA que foi de US$ 2,85/MMBTU (Henry Hub) na cotação da última sexta-feira (03/08/2018).
A FAFEN-BA consumiu, nos primeiros 180 dias deste ano, aproximadamente 207 milhões de metros cúbicos de gás natural para a fabricação de amônia, ureia e CO2. Cobrados da FAFEN-BA a absurdos R$ 1.469/milM3 (US$ 11/MMBTU), a Petrobras faturou, somente da FAFEN-BA no período, R$ 304 milhões.
Isso, por sí só, já justifica a suspensão da hibernação anunciada.
Não é razoável que a Petrobras mantenha a determinação de fechamento das FAFEN's diante do irrisório impacto no lucro líquido da holding diante na importância para a cadeia produtiva a jusante (agricultura, pecuária e industria), para a economia nordestina e empregos da produção setorial.
No mesmo dia da apresentação dos resultados, ao ser questionado pel@s trabalhador@s sobre a manutenção das FAFEN's diante do resultado operacional, o diretor Jorge Celestino disse por meio da WebTV que o GT não tinha chegado a nenhuma conclusão que justificasse o cancelamento da hibernação.
Enquanto isso a Petrobras segue com sua gestão de sabotagem comercial à FAFEN mantendo os preços elevados em relação ao mercado internacional de festilizantes para não vender forçando a redução de capacidade operacional, o que gera mais prejuízo.
Está mais do que na hora dos Executivos da companhia restabelecerem a sensatez e permitirem que @s trabalhador@s e gestor@s da FAFEN-BA façam seu trabalho em paz e com a autonomia necessária para continuar produzindo vida como sempre ocorreu nestes 47 anos de existência da fábrica na Bahia.
Isso mesmo, no próximo dia 14 de outubro, a FAFEN-BA completará 47 anos do primeiro grão de ureia a cair na famosa e imponente torre de granulação. Será sim um domingo de comemoração, enquanto, por outro lado, o dia 01 de novembro (dia em que está marcada a desativação) eu desafio quem no Brasil terá coragem de comemorar.
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Por Jailton Andrade
(Trabalhador da FAFEN-BA e diretor do Sindipetro Bahia)