A insistência do governo federal em fechar as Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN's) da Petrobrás pode levar à morte milhares de pacientes com problemas renais e que necessitam da hemodiálise para sobreviver.
O problema é que o fechamento da FAFEN Bahia vai causar um forte impacto na empresa Carbonor S.A, situada no Polo Petroquímico de Camaçari, única detentora de tecnologia de produção de bicarbonato de sódio para uso farmacêutico e em especial para hemodiálise no Brasil, atendendo também a outros países na América do Sul.
A Carbonor utiliza dióxido de carbono (CO2) na forma gasosa, recebido por tubovia da unidade da FAFEN-BA, para a produção de bicarbonato de sódio. O CO2 é uma das matérias primas do processo de fabricação e, portanto, indispensável na sua síntese.
De acordo com a Carbonor, para tornar viável a utilização de CO2 gasoso é necessária uma fonte próxima à unidade processadora. Por essa razão, as duas empresas - FAFEN e Carbonor - estão localizadas no mesmo complexo industrial.
Ainda de acordo com a Carbonor, “para garantir custos que viabilizem a produção e permitam a prática de preços competitivos no mercado de bicarbonato de sódio, não é possível a utilização de CO2 liquefeito, em função dos seus altos custos de processamento e transporte e, consequentemente, elevado preço de aquisição”.
O diretor industrial da Carbonor, Ascânio Muniz Pêpe, se mostra preocupado com a situação. Para ele, o fechamento da FAFEN, que produz insumos utilizados por diversas outras empresas, é um assunto muito complexo e que não pode ser decidido de forma tão rápida. “Para nós a melhor opção é que a FAFEN continue operando, mas se isto não for possível, que haja discussão com os interessados sobre o assunto e que se dê um prazo maior para que as empresas busquem alternativas para se reestruturar e suprir a ausência da FAFEN”.
Segundo ele, as empresas que necessitam da Ureia e Amônia também vão ter sérios problemas, mas nada comparado com o que pode acontecer com a Carbonor. Para se ter ideia, informa Pêpe, “o Brasil só importa menos de 10% de bicarbonato de sódio e a Carbonor tem capacidade para produzir mais de 80% da demanda nacional.
Soberania alimentar
Além dos empresários, representantes dos poderes executivo e legislativo e a sociedade já externaram preocupação com as consequências negativas (perda de empregos e receitas) que vão ser provocadas com o fechamento das Fábricas de Fertilizantes da Petrobrás para os estados e municípios, particularmente da Bahia e Sergipe.
O Sindipetro Bahia já organizou diversas audiências públicas, aqui no estado e em Brasília, para tratar sobre o assunto, conseguindo que a Petrobrás adiasse para 31 de outubro deste ano a decisão de fechar as duas fábricas, localizadas no Polo Industrial de Camaçari e em Laranjeiras.
O coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, adverte que “os fertilizantes são insumos essenciais à produção agrícola, sendo necessário tratar sua produção como questão de Segurança Nacional”.
Para ele, “além desta questão muito delicada que envolve a vida das pessoas que necessitam da hemodiálise, a parada da FAFEN-BA e das demais Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados do país, coloca em risco também a nossa Soberania Alimentar e o Agronegócio, uma vez que a produção agrícola passará a depender totalmente da importação de fertilizantes”.
Para Bacelar, a decisão da atual gestão da Petrobrás não faz sentido, “afinal, o segmento de fertilizantes encontra-se em expansão tanto no Brasil quanto no mundo e a demanda do mercado brasileiro de fertilizantes é maior que a produção nacional”.