O resgate da Petrobrás como uma empresa pública, de energia integrada e que atua com reponsabilidade social, não passa por uma decisão técnica, mas meramente política. A afirmação foi feita pelo economista e ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, correspondendo ao pensamento da maioria de vereadores, líderes sindicais e trabalhadores, que participaram na quarta-feira, 25/04, de uma audiência pública, na Câmara Municipal de Candeias.
A audiência, que aconteceu das 10h às 14h, foi solicitada pela secretária de Serviços Públicos da prefeitura de Candeias, Marivalda e presidida pelo diretor do Sitticcan, Loteba, tendo como tema os impactos da retração e privatização do Sistema Petrobrás na Bahia.
O debate girou em torno da decisão da direção da Petrobrás de vender 60% da Refinaria Landulpho Alves e dos dutos e terminais, a exemplo da Transpetro, para a iniciativa privada. Gabrielli fez um resgate da história da Petrobrás desde a fundação da RLAM , na década de 1950, até os dias atuais, quando a empresa, que atua de forma integrada do poço ao poste, está sendo desmontada.
“A Petrobrás está saindo dos setores de refino, fertilizantes, da atividade de biocombustível, está planejando sair da petroquímica, está diminuindo as suas atividades administrativas no estado, portanto, há claramente uma decisão politica da empresa de sair da Bahia”, afirmou o economista. Para ele, ao agir dessa forma a direção atual da estatal está condenando a Petrobrás a definhar e se tornar dependente do preço do petróleo e menos capaz de enfrentar as turbulências do mercado de petróleo”
O ex-secretário estadual de justiça da Bahia, Carlos Martins, também falou sobre a importância das decisões políticas, lembrando que “na década de 1970 houve uma grande resistência da FIESP à implantação do Polo Petroquímico de Camaçari, mas por decisão política ele foi instalado na Bahia”. Martins chamou a atenção que pode haver uma drástica redução da arrecadação dos munícipios, no caso de empresas estrangeiras operarem no lugar da Petrobrás, “não podemos esquecer que a maioria dessas empresas vêm para o Brasil com incentivos fiscais”.
O secretário de Organização do PT, Anisvaldo Daltro, afirmou que só há uma forma de garantir a manutenção e continuidade dos investimentos da Petrobrás na Bahia e no Brasil e ela passa pelas urnas nas eleições de outubro.
O diretor do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, ressaltou o papel histórico que Candeias cumpriu na indústria do petróleo, na época do Conselho Nacional de Petróleo, quando a Petrobrás ainda nem existia, “os carros de boi cruzavam essa região puxando as sondas para perfurar o Campo de Candeias, que hoje gera para o município cerca de 400 postos de trabalho diretos e indiretos”.
Radiovaldo afirmou estar “cada vez mais convicto que, no atual momento conjuntural, a Petrobrás está sendo saqueada de forma oficial, com publicação no Diário Oficial da União”. Ele conclamou a população de Candeias, vereadores e prefeito a fazer parte da luta em defesa do Sistema Petrobrás. “a cidade recebe royalties e ISS do campo de Candeias, recebe ICMS da Petrobrás Biodiesel, ou seja, uma série de tributos e arrecadação, cuja falta impactará muito a vida de Candeias, que , certamente, passará por dias difíceis”.
Participaram da audiência os vereadores Silvio Correa, Gil Soares, Valdir Cruz e Rita Louro e o petroleiro Celso Babi. Além do vice- prefeito de São Francisco do Conde, Carlos Alberto Bispo Cruz (Nem do Caípe), do vereador de Madre de Deus, Val Peças, representantes da CUT, CTB, PCdoB, PT , entre outras autoridades.
Fonte – Sindipetro Bahia