Apesar de várias tentativas de negociação por parte dos empregados e também do sindicato, os funcionários da Perbras continuam trabalhando em regime da mais execrável exploração da mão de obra.
Denúncia encaminhada ao diretor do Sindipetro Bahia, Gilson Sampaio (Morotó), ressalta que desde que entrou em vigência o contrato de Monitoramento, mais de 100 funcionários se encontram submetidos a uma escala 4x2, com carga horária de 10 horas de jornada diária, excedendo em 6 horas a carga horária semanal, que é estabelecida pela CLT (44h).
Ao ser questionada sobre este abuso, a empresa se limita a responder que a questão está sendo tratada pelo seu setor jurídico. Outra questão relatada pelos funcionários diz respeito aos constantes “erros” no pagamento de horas extras. Segundo eles, são vários os casos em que os funcionários fazem horas extras, apontam em suas folhas de ponto, mas ao final do mês essas horas não aparecem em seus salários.
Treinamentos são realizados nos dias de folga dos empregados e eles ainda têm que arcar com seu transporte até o local do treinamento (ida e volta). Como os funcionários possuem apenas dois dias de folga, os treinamentos com carga horária superior a 16 horas são fatiados e distribuídos pelas folgas dos colaboradores, que acabam emendando uma jornada na outra, por vezes totalizando 10 dias de atividades, a serviço da empresa, sem o devido descanso. Nesses casos, a remuneração adotada pela empresa são as chamadas “Horas Curso”, cujo valor é bem abaixo do valor da hora extra comum. No caso especifico dos treinamentos, além do desrespeito com o descanso dos funcionários, percebe-se um total descaso com a aprendizagem dos colaboradores, visto que, ao fatiar a carga horária dos cursos entre as folgas dos trabalhadores, o prejuízo na didática a na fixação dos conteúdos (que são essenciais para a segurança e qualidade das operações) é inevitável.
O ambiente de trabalho também não é dos melhores. São frequentes os relatos de funcionários que se sentem ameaçados, devido aos frequentes assaltos e furtos ocorridos em vários campos da OP e que, para piorar, mesmo diante de tantos casos de insegurança na área, houve cortes no contrato da vigilância e também, por uma questão de economia, a Petrobrás tem solicitado cada vez mais horas extras dos colaboradores da Perbras, com a justificativa de que eles custam menos do que um funcionário da Petrobrás.
Além das queixas sobre a segurança, colaboradores relatam que existe uma “ordem” das gerências da Petrobrás para “apertar o cerco” sobre os colaboradores da Perbras nas auditorias comportamentais. Ao que parece, a ordem é, em linguagem popular, “pegar os caras na falha”. Ficamos a nos perguntar: é assim que vamos diminuir os índices de acidentes, realizando uma verdadeira “caça as bruxas”?
Por fim, e não menos importante, a questão salarial é outro ponto de preocupação dos trabalhadores do OS-Monitoramento. Segundo o eu foi relatado, esses trabalhadores, por exigência da Petrobrás, são contratados como técnicos, porém recebem muito abaixo do nível de técnicos. O salário base desses colaboradores não chega a R$1.600 reais, com os adicionais e descontos, sobra um valor abaixo dos R$1.900 reais, quase a metade do valor que é pago em outras empresas que possuem a mesma função; mais grave ainda, porque o valor representa 1/5 do que era pago aos funcionários da Petrobras. A comparação se torna ainda mais cruel quando colocamos como parâmetro funções que exigem menor qualificação e responsabilidade.
A pergunta que não quer calar é essa: será que a Petrobras valoriza mais os contratos de transporte, serviços gerais, caldeiraria, etc., do que os contratos de Monitoramento de Poços? Ou será que a Perbras não repassa o valor correto para o pagamento de sua mão de obra?