Na manhã deste domingo, 06/08, os cerca de 400 delegados do XVII CONFUP, aprovaram a pauta de reivindicações da categoria que será entregue à direção da Petrobrás ainda no mês de agosto.
Em seguida, os congressistas participaram do painel “Privatizar a Petrobrás faz mal ao Brasil”, com o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli e do economista e professor da UFRJ, Eduardo Pinto, um dos integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas Estratégicas para o Setor de Óleo e Gás (GEEP/FUP).
O ex-presidente da Petrobrás, explicou as mudanças que estão acontecendo no setor de petróleo no Brasil, que reduzem o controle do estado e facilitam a abertura para empresas estrangeiras. Ele relatou que as grandes mudanças ocorrem nas áreas de exploração e produção, na política de gás natural e no refino e abastecimento.
Segundo Gabrielli há um claro estímulo para montagens de pacotes para refinarias e logística, visando o incentivo da entrada de outras empresas no mercado. “Essas mudanças que estão ocorrendo fazem parte de uma política de governo, que defende que o petróleo vai deixar de ser importante, partindo do pressuposto que o carro elétrico irá substituir os veículos com motores a combustão”.
Segundo essa visão, explica o economista, “o petróleo passará a ser uma mercadoria como outra qualquer, uma commoditie como feijão ou arroz, perdendo o seu caráter estratégico. Ainda de acordo com o governo, do ponto de vista da eletricidade, o gás estaria cada vez mais disponível, pois haveria um grande volume de GLS circulando”.
Mas Gabrielli discorda, “a meu ver essa visão sobre o papel do petróleo na economia é equivocada, por mais rápida que seja a expansão do carro elétrico, o impacto vai demorar muito, pelo menos 40 ou 50 anos, para ocorrer". Ele afirmou ainda que a disputa pelas reservas é um elemento central na geopolítica mundial, ressaltando que os conflitos mundiais atuais estão ligados ao acesso ao petróleo.
Para o economista e professor, Eduardo Pinto, “é impressionante o tamanho da mudança, o tamanho do desmonte da Petrobrás”. Ele afirmou que o atual presidente da Petrobrás, Pedro Parente, alinhado a uma política do governo federal, “construiu e reforçou a narrativa de que “a corrupção teria gerado uma crise financeira estrutural que somente poderia ser resolvida com a venda de ativos (redução do tamanho da empresa)”.
Ele explicou que “esse mito foi utilizado para legitimar a estratégia gerencial da atual presidência (expressa no Plano de Negócios e Gestão – PNG – 2017-2021) que tem como eixos:, concentrar suas atividades em Exploração & Produção de petróleo e gás, diminuindo sua participação em outras áreas tornando a empresa “enxuta” (com redução do número de empregados e investimentos); reduzir de forma acelerada o seu nível de endividamento/alavancagem financeira. Isso está ancorado na estratégia de desinvestimento (venda de ativos, sobretudo para capitais estrangeiros, e redução de investimentos).
Foto – Diego Villamarin