Unidade, resistência e a ampliação e fortalecimento da comunicação sindical, são, de acordo com o secretário de comunicação da CUT, Roni Barbosa, os pilares que vão levar a classe trabalhadora e movimentos sindicais a vencer o golpe e sair do “fundo poço”, em que se encontram agora. A afirmação foi feita na manhã deste sábado, 05/08, no XVII CONFUP, durante o painel “a Conta do golpe: quem paga é o trabalhador”.
Roni fez uma análise do panorama econômico e político do Brasil que levou ao golpe. “ Diferente do que foi feito por Lula, em 2008, a presidente Dilma acabou tomando medidas contrárias ao pensamento da esquerda e, com isso, perdeu boa parte do seu eleitorado.
Para ele a crise econômica alimentou a crise política e o Brasil entrou em um circulo que culminou no golpe. O dirigente ressaltou ainda o papel da mídia em todo esse processo, através das divulgações seletivas das delações da operação lava jato e da potencialização das manifestações de ruas da direita brasileira.
Roni acredita, que nesse contexto, a única forma de manter o lucro do capitalismo foi realizando reformas e retirando os direitos da população. “A primeira paulada que recebemos foi a retirada da Petrobrás como operadora única do Pré-Sal”.
Segundo ele a reforma previdenciária ainda não foi aprovada porque o movimento sindical e organizações sociais foram para cima, “conseguimos vencer esse embate junto à opinião pública, mas ai trouxeram a reforma trabalhista para o regime de urgência, votaram, e vão retomar a reforma previdenciária, pois o governo golpista dá sinais que tem muito fôlego no congresso e judiciário”.
Mas o capital quer mais, diz Roni, “ é ai que entram as privatizações das estatais e diferente da década de 90, quando havia os leilões, agora as privatizações estão sendo feitas às escondidas, para que a população não possa tomar conhecimento. O cenário é terrível, são 14 milhões de desempregados e as empresas já se preparam para colocar em prática a terceirização das atividades fins”.
Reforma trabalhista e o fim dos direitos
Roni destacou alguns pontos, da extensa reforma trabalhista, que segundo ele atingem em cheio os trabalhadores e a organização sindical. Um deles é a mudança na relação patrão e empregado, “colocam como algo positivo o fato dos trabalhadores poderem negociar diretamente com os patrões, sem a necessidade de passar pelos sindicatos”.
Essa reforma também acaba com a justiça do trabalho, “a única a que o pobre ainda consegue ter acesso gratuitamente para reaver os seu direitos não pagos”. Os tribunais de trabalho já tiveram suas verbas cortadas drasticamente.
Ele destacou também a retirada de parte do financiamento dos sindicatos, a permissão de ter representante dos trabalhadores na empresa sem a participação dos sindicatos e o fim da obrigatoriedade das homologações nos sindicatos. Há ainda a quitação anual do contrato de trabalho, que obriga o trabalhador, ao final de cada ano, a assinar um termo de que recebeu tudo e não tem nada mais a reclamar.
Além disso, explica Roni, ficam liberadas as demissões coletivas sem nenhum tipo de negociação e o direito do trabalho passa a ser tratado como direito coletivo e não mais individual. Sem falar nos contratos precarizantes, na institucionalização do “bico”, através do contrato intermitente e na instituição do legislado sobre o negociado.
Reação será feita à altura
Mas Roni garante que haverá reação, “a CUT não vai se deixar derrotar, estamos organizando encontros nas áreas jurídica e de comunicação e iremos questionar a constitucionalidade desta reforma, que ainda não está regulamentada”.
Ele informou também que a CUT ira traçar estratégias para atrair uma parcela da população que não se identifica com a esquerda, mas está insatisfeita com estas reformas e com o que está acontecendo no país.
Para isso, “ vamos ampliar, investir na nossa comunicação, que tem um papel fundamental para a nossa sobrevivência. Precisamos também construir um processo de resistência para anulação da reforma trabalhista. Vamos buscar essas pessoas insatisfeitas, e também a classe trabalhadora, para transformar essa indignação em mobilizações de ruas rumo à greve geral”.