Descontração, criatividade e um bate papo muito sério marcaram o III painel de debates, na tarde do sábado, 27, no VI Congresso da categoria petroleira. A discussão girou em torno de temas que precisam ganhar mais espaço na sociedade: gênero, sexualidade e direitos. À frente da mesa estava a representante do Coletivo de Mulheres Fupistas, Rosângela Maria.
Uma das convidadas, a diretora executiva da CUT, Elisangela Araújo, elogiou a iniciativa do Sindipetro ao optar por uma mesa de debate em seu Congresso, com um tema tão desafiador e necessário que é a discussão sobre as relações de gênero, “ que se tornam ainda mais importantes em um momento como este em que vivemos um golpe no Brasil e temos os direitos das mulheres ameaçados”.
Para ela “é necessário compreender que as questões de gênero têm de ser trabalhadas de forma efetiva, principalmente porque vivemos em um país patriarcal onde é muito presente ainda a violência contra as mulheres. E são várias as formas de violência, a sexual, moral e doméstica”. Elisângela também falou sobre a necessidade de ampliar e fortalecer os espaços para as mulheres nas esferas políticas e sindicais.
Já a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) começou sua fala criticando as ações de Pedro Parente à frente da Petrobrás, “que está dilapidando o patrimônio do povo brasileiro”, mas disse acreditar na categoria petroleira que para ela “ é significado de resistência, soberania e luta em defesa da construção do Brasil”. Ela também alertou para o fato de estarmos vivendo um momento de grande depressão das forças produtivas nacionais e que há uma clara intenção de destruir o valor do trabalho na sociedade.
Em relação às mulheres, a senadora afirmou que “a desigualdade de gênero é uma construção longa, nesse caso milenar. O poder de decisão da sociedade está apenas em um lado, o dos homens, confinando as mulheres a vida doméstica fazendo um mundo desigual e perverso para as mulheres. Lídice fez também um relato histórico da desigualdade entre homens e mulheres, pontuando as conquistas que se deram, “não sem muita luta”.
A coordenadora da CNQ, Lucineide Varjão, lembrou que já é um avanço a lembrança das mulheres nos eventos, como o congresso dos petroleir@s e a construção social vai moldando os comportamentos das mulheres e homens, por isso a desconstrução do discurso machista é importante. Ela ressaltou ainda que as mulheres representam 17% do universo dos trabalhadores do Sistema Petrobrás.
A representante do Levante Popular\Consulta Popular, Amanda Rosa, destacou em sua fala que as mulheres sempre estiveram na frente de muita lutas no Brasil e em vários países e é preciso entender as desigualdades para compreender a participação feminina na sociedade. Com relação as reformas do golpista Temer, ela acredita de que não há dúvida que as mulheres serão as mais prejudicadas e por isso é necessário a ocupação de todos os espaços na política. Amanda Rosa ressalta também que é preciso repensar as estruturas nas entidades sindicais, “para que as mulheres possam realmente fazer politica e liderar, não somente ficar à mercê das deliberações geralmente adotadas de cima para baixo”.
Lucíola Simeão, da Secretaria de Mulheres da CUT, afirmou que existe a necessidade de diálogo com a juventude e com as mulheres, fazer uma melhor integração desses atores para incorporar esse público, a juventude, nas lutas políticas.
Para a diretora eleita do Sindipetro Bahia, Marise Sansão, “há mais de 2017 anos Jesus Cristo compôs seus seguidores – apóstolos – sem nenhuma mulher, somente homens”. Segundo ela, na Igreja Católica e na Maçonaria o espaço politico é extremamente masculino, mas apesar de toda essa história, essa questão de gênero está em processo de transformação.