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Publicado: 08/05/2017 | 609 visualizações

Seminário no Sindipetro Bahia analisou consequências do golpe para a Petrobrás, a economia e o povo brasileiro

No sábado, 06/05, aconteceu no auditório do Sindipetro Bahia a última etapa do Seminário de Integração e Formação, promovido pelo setor de formação da entidade sindical, e que reuniu os diretores eleitos e reeleitos para o mandato sindical da entidade no triênio de 2017/2020, além de diversos trabalhadores da categoria.

 De acordo com o coordenador do Sindipetro, Deyvid Bacelar, o objetivo do encontro foi “dar as boas vindas aos novos diretores e apresentar a eles e a elas um raio x da entidade, assim como proporcionar um debate sobre a Petrobrás e as conjunturas política e econômica do país para que todos e todas fiquem bem informados e possam fazer parte da luta em defesa dos direitos da categoria e da sociedade”.

 O economista e ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, traçou um amplo panorama sobre o Sistema Petrobrás e a sua importância para o crescimento da economia brasileira. Gabrielli explicou como se deu o crescimento da Petrobrás, particularmente no governo de Lula, quando a empresa chegou a ser responsável por 2% do crescimento anual do PIB brasileiro e assumiu o papel de grande impulsionadora da economia do país, tendo a participação do governo na Petrobrás aumentado de forma bastante significativa.

 Nessa época, em 2010, lembra o economista, a Petrobrás passou a ser a 4ª maior empresa do mundo em valor de mercado. Mas Gabrielli acredita que o mercado não estava preparado para o grande e rápido crescimento da Petrobrás, “o nosso erro foi tentar fazer muita coisa em pouco tempo, mundialmente não havia preparo para atender à demanda dos serviços gerados pela Petrobrás. Para se ter uma ideia cerca de 800 mil pessoas tiveram de ser treinadas apenas para atender a cadeia produtora da Companhia”.

 Quanto aos campos terrestres, o economista afirmou que apesar de não concordar com a manutenção da expansão nesses campos, é contra a sua venda devido ao grande problema social que será gerado com a realização do negócio com a iniciativa privada. Ele chamou a atenção para “a velocidade assombrosa com a qual o governo está promovendo mudanças radicais no país”, ressaltando os 4 leilões de petróleo, que estão marcados para acontecer ainda esse ano e a necessidade de barrar a entrega do patrimônio brasileiro. 

A crise, o golpe e a economia 

Já a economista e supervisora técnica do DIEESE, Ana Georgina Dias, fez clara e didática explanação sobre a economia no país antes e depois do golpe que colocou Michel Temer no poder. Através de gráficos ela mostrou que, ao contrário de outros países, até 2013, o Brasil conseguiu resistir à crise. Mas “em 2014, tivemos uma economia praticamente estagnada, em 2015 entramos em recessão e hoje podemos dizer que estamos nos aproximando de um processo de depressão, pois o país não só parou de crescer como está andando para trás”.

Ela afirmou que de acordo com os dados econômicos, o ano de 2016 foi muito ruim para o Brasil devido, entre outros fatores, ao processo de impeachment que afetou as expectativas dos agentes econômicos, a perda do grau de investimento e o desemprego em alta. Ela também chamou a atenção para as reformas da previdência e trabalhista,que só vão piorar a situação dos trabalhadores e do povo brasileiro. 

 

Para ela “a crise afeta mesmo são os trabalhadores, pois os grandes empresários, podem até perder pelo lado da produção, mas ganham, e muito, pelo lado do capital, como rentistas. Qualquer baixa na produção agora será recuperada mais tarde, principalmente após aprovação da reforma trabalhista que vai retirar direitos, baratear o custo do trabalho e flexibilizar até o marco ambiental e o conceito de trabalho escravo. Alguém ainda tem dúvida sobre quem está pagando o preço do golpe ?” – perguntou Georgina ao finalizar sua palestra. 

A história da Petros 

O seminário teve continuidade com a exposição do diretor do Sindipetro e Conselheiro Deliberativo eleito da Petros, Paulo César Martin (PC). Ele falou sobre o histórico e a atual situação dos Planos Petros e Petros 2. Para isso, PC voltou na história explicando como foi desenvolvido o processo de previdência complementar no Sistema Petrobrás. Ele ressaltou ainda como se deu a criação do Plano Petros 2, que teve o objetivo, entre outros, de resolver o problema de todos aqueles que estavam sem plano de previdência, pois o Plano Petros não estava mais aceitando novos assistidos.

 PC também falou sobre a urgente necessidade do equacionamento do Plano Petros, gerada por diversos problemas, entre eles o aumento da expectativa de vida dos participantes e a falta de retorno dos investimentos, devido principalmente à crise que afetou diversos setores da economia. ”Enquanto a necessidade de provisão para pagar benefícios aumentou em 6,69%, o patrimônio para fazer frente aos compromissos do plano aumentou apenas em 2,24%, o que elevou o déficit do Plano Petros, de 2015 a 2016, em 18,48%. Portanto, este é um problema que está posto e tem que ser resolvido o quanto antes”, afirmou Paulo César.

 Foram realizadas outras duas etapas do Seminário, nos dias 18 e 25/04, quando foram abordados temas como a estrutura e funcionamento do Sindipetro Bahia e os processos trabalhistas ajuizados pela assessoria jurídica do sindicato. O diretor do Setor de formação do Sindipetro, George Arléo, disse ter sido muito gratificante a presença dos novos diretores em uma discussão que reuniu especialistas e profissionais reconhecidos em suas áreas. Os participantes elogiaram o evento e “a importância de promover discussões como esta, onde há formação e informação, que, com certeza, vão fazer diferença na luta que está em curso contra a retirada de direitos e o governo golpista” .