Foi aberto na manhã desta segunda (20/03), com 77 inscritos, o II curso sobre o Benzeno, realizado pela secretaria de SMS do Sindipetro Bahia.
O curso, que acontece durante dois dias (20 e 21/03) no auditório da entidade sindical, reúne trabalhadores da categoria, representantes de sindicatos como o Sindiquímica, Sindipetro Caxias, Sindipetro PE/PB, Sinposba, Sindfrentista Campinas, UFBA, SENAI, IFBA, CESAT e SRTE.
Ministrado pelas duas maiores especialistas em benzeno da América Latina, as doutoras Arline Sydneia Arcuri, (pesquisadora da Fundacentro) e Patrícia Moura Dias (tecnologista da Fundacentro), a abertura do curso contou com uma mesa bastante representativa.
O coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, lembrou a luta do Sindipetro, gtbistas e outras entidades sindicais para garantir a exposição zero a esse agente cancerígeno. Ele ressaltou também a importância formar e informar os trabalhadores, transformando-os em agentes multiplicadores, principalmente em um assunto tão sério como é a exposição ao benzeno, “que é uma questão de vida ou morte”.
Deyvid também criticou o cancelamento da extensão deste mesmo curso sobre o benzeno na Rlam, que já estava acordado, e aconteceria nos dias 22 e 23/03. Segundo informações obtidas pelo Sindipetro, a Gerência Executiva do Refino e do SMS Corporativo, “não autorizam a Fundacentro a ministrar cursos nas áreas da Petrobrás”, apesar da Fundacentro ser um órgão do governo federal.
O diretor de SMS do sindicato, Jorge Mota, falou da preocupação do sindicato em relação à exposição dos trabalhadores ao benzeno. Ele lembrou que, apesar de não ser dito pela empresa, há em menor ou maior grau, exposição dos trabalhadores a esse agente cancerígeno, em diversas etapas da cadeia do petróleo, como na perfuração, produção, refino e distribuição. Sendo que no refino essa exposição é mais grave.
O advogado Leon Mattei, falou sobre os processos envolvendo a exposição ao agente cancerígeno e diversos problemas encontrados nas ações a exemplo de peritos que analisam as questões, mas não têm formação específica na área. Já para Alexandre Jacobina do CESAT, “o fundamental em todo esse processo é a articulação com os trabalhadores que são os sujeitos das ações de saúde”.
O deputado federal Jorge Solla que também participou da mesa de abertura, parabenizou a iniciativa do sindicato em realizar o curso “é fundamental que os sindicatos coloquem em sua pauta assuntos tão importantes como esse e contribuam para evitar danos à saúde do trabalhador”.
O desembargador do TRT 5, Luiz Roberto Matos, criticou a ganância do empresariado, que coloca o ser humano como uma pequena variável descartável no processo de trabalho. Ele conclamou os trabalhadores a ficarem “sempre atentos e organizados e assumirem o papel de fiscais no seu ambiente de trabalho, pois o Estado não tem condições e nem interesse de realizar uma fiscalização ampla”.
Já a auditora fiscal do trabalho da SRTE Bahia, Valquíria Lima, afirmou que a história do benzeno é de luta, resistência e sucesso, “há momentos em que não há uma conjuntura favorável, mas não houve retrocesso”.
A doutora Patrícia Moura Dias fez uma extensa exposição explicando o que é o benzeno e como os trabalhadores se expõem a esse agente químico, ressaltando que a principal contaminação se dá através da respiração Ela afirmou que no caso do benzeno “a única forma de prevenção é a não exposição, que pode ser pela substituição do benzeno por outros produtos ou assegurar tecnologia adequada para evitar a exposição”.
O curso prossegue nesta terça (21/03), com a palestra da doutora Arline Arcure.