O plano, segundo disse Romero Jucá (PMDB-RR) em gravação, era estancar a Lava Jato, mas “deu ruim” e está em curso um golpe dentro do golpe. Desde que se apoderou do governo, este certamente foi o fim de semana mais tenso de Michel Temer (PMDB). O motivo foi mais um vazamento exclusivo da Lava Jato para a revista Veja, com a suposta delação premiada do executivo da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que disse ter repassado R$ 10 milhões a José Yunes, conselheiro amigo de Temer há 40 anos.
Desesperado, Temer passou o fim de semana em reuniões. Na manhã desta segunda-feira (12), cancelou a participação em um evento empresarial em São Paulo para se reunir com a cúpula do PSDB no Palácio do Jaburu, em Brasília. A reunião contou com as presenças do presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), e o senador Aloysio Nunes (SP), líder do governo na Casa.
No domingo não foi diferente. Convocou uma reunião de emergência com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário do Programa de Parceria de Investimentos, Moreira Franco, no Palácio do Jaburu. Ambos os ministros também citados na delação publicada pela Veja.
Depois, Temer se reuniu com membros da base aliada do governo para tentar achar uma saída para a crise. Em jantar, na residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o grupo discutiu a brilhante ideia de preparar um pacote de medidas para reanimar a economia, como forma de estancar a crise.
A estratégia é tentar blindar o governo e fingir que a delação não os atinge. Tarefa impossível, já que entre os citados na suposta delação estão, além do próprio Temer, a sua cúpula no golpe, como os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.
O líder do PSD na Câmara dos Deputados, Rogério Rosso, disse que a reunião não aconteceu por conta do vazamento da delação, mas apenas para fazer os últimos ajustes em um pacote de medidas econômicas a ser lançado esta semana. No entanto, a reunião não estava prevista na agenda oficial.
A proposta é divulgar o “pacote fantástico” de medidas econômicas ainda esta semana. Enquanto Temer promete apresentar uma receita mágica de curtíssimo prazo para incentivar a geração de empregos e a produtividade das empresas, a produção industrial recuou em 11 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre setembro e outubro deste ano, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional. A maior queda foi em Minas Gerais (-7,6%).
Sobre a delação, pouco se falou. Mas segundo fontes do Planalto ouvidas pelo O Globo, o PMDB do Senado estaria analisando a possibilidade de pedir a anulação da delação, por ter sido vazada antes mesmo da homologação pelo Supremo Tribunal Federal.
Para aumentar ainda mais a pressão contra o governo, pesquisa Datafolha apontou que o índice de rejeição de Temer aumentou significativamente: 51% dos entrevistados reprovam o governo, e 63% querem sua renúncia.
Fonte: FUP